19 dezembro 2006

Natal 2006

O autor deste espaço deseja a todos os que tiveram a paciência de me acompanhar neste percurso blogueiro, brindando-me sempre que possível com as vossos bem vindos comentários, um Bom Natal e um Feliz Ano Novo.

18 dezembro 2006

Dança no gelo


Albena Denkova e Maxim Staviski da Bulgária, dançam em estilo livre na final da ISU Grand Prix of Figure Skating em São Petersburgo.

Foto @EPA/Anatoly Maltsev

05 dezembro 2006

Para pensar...

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.

Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê.

... A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.

Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho ...

Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos.

A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima. Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

João Pereira Coutinho ( Jornalista )
Foto - Sérgio P.

24 novembro 2006

António Gedeão

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanço,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão/Rómulo de Carvalho nasceu a 24 Novembro de 1906

23 novembro 2006

O nosso déficit

Combater o déficit será só o único e prioritário desígnio nacional?!!! O grande problema que se coloca, é o de saber como sairmos desta situação em que nos encontramos, dentro deste contexto político europeu e global. Portugal enferma por grandes e injustas desigualdades entre a sua população. Qualquer pedido de sacrifício que seja exigido, é sempre incompreendido e dificilmente aceite pelas pessoas com mais baixos rendimentos. Qual poderá ser então a verdadeira saída para este país, sem prejudicar demais, sempre os mesmos? È recorrer à política simplista de aumentar os impostos sobre o consumo de modo a crescer a receita e consequentemente encher mais os cofres do estado? A Irlanda pela voz do seu ministro da economia, baixou o IVA, para angariar mais investimento e daí criar mais postos de trabalho abrindo assim as portas a um efectivo bem estar social!!!! Há uns tempos um ilustre economista chamado Silva Lopes defendia a ideia de que havia um outra forma de combater o déficit, ou seja, já que pelo corte da despesa o caminho era difícil, só no aumento do rendimento lá poderíamos chegar. Então se é assim, porque não apostarmos em qualquer ícone produtivo que nos tire desta difícil situação económica? Fala-se no turismo. Existe algum plano nacional mobilizador de modo a tirarmos o verdadeiro rendimento desta dádiva com que a natureza nos presenteou? Não é possível em simultaniedade com o exigido combate ao déficit, projectar-se medidas a curto prazo que sejam dinamizadoras da nossa economia de modo a entrarmos finalmente numa lógica de desenvolvimento e progresso? Porque o que se tem visto é cortar, cortar, cortar....na despesa. Pergunta-se, até quando ?

Foto-Isabel Gomes da Silva

17 novembro 2006

O meu quintal


Não ficou qualquer outro registo.
As cores de verão que quente me surpreendia, a rondar a porta do formigueiro. Contava--as uma a uma, mas às vezes já me falhava a sequência e desistia. Divertia-me, espreitar o que levavam agarrado ao corpo. Não percebia porque levavam coisas tão grandes que quase pareciam impossíveis. Os meus impossíveis também chegavam a ser pesados, embora não lhes visse o volume.
O triciclo também desapareceu. Até hoje foi o que mais gostei de conduzir. No meu quintal não havia auto-estradas mas os caminhos eram muitos e eu fazia quilómetros à volta dos canteiros e dos cheiros.
A relva era inundada de roupa com frequência. O que eu gostava de lhe encontrar o macio debaixo dos pés descalços…
A mesa de pedra em tamanho XL ficava em frente, e as molas da roupa enfeitavam-lhe o espaço.
Os armários de garrafas verdes vazias à espera de vinho inventado já no Outono e os passos arrastados do mais velho do clã, que em rabugice desfiava ordens de protecção das suas obras. Naquele quintal tudo lhe pertencia mas eu acreditava que não. Apesar de ser sua a arte era meu, o domínio. Não havia um centímetro que não conhecesse… mesmo o que pertencia aos que voavam. Acompanhei andorinhas em voo rasante e seguia com elas até ver as estrelas perto do cabelo. Um dia ficou lá presa a minha trança e até hoje não a consegui recuperar.
Debaixo do telheiro havia uma capoeira de coelhos. Um dia apercebi-me que cada vez havia mais. Na mais pura das inocências chamei-lhe mistério. Apareciam sem eu saber como. Mistério para mim era uma palavra mágica. Chamava isso a tudo o que ia para além do meu entendimento, e ficava resolvida a minha ignorância. Esse conceito aplicado ao presente simplificaria todas as minhas convicções / limitações…
O cavalo de madeira tinha uma campainha que tocava com a sequência do galope. Era a minha irmã que costumava galopar com mais força. Quando chegou ao quintal, já eu preferia pedalar, de modo que nunca lhe liguei muito. Preferia movimento naquele espaço, para que não o visse como era realmente…
É íntimo cada som e cada imagem que reservo. É aí que encontro a minha infância.
De vez em quando, ainda acompanho os voos rasantes… mas agora já não há trança para prender nas estrelas…
Nesses que ainda faço, estão algumas estradas desenhadas, mas há um caminho sem limites. O pensamento não conhece fronteiras, nem cor, nem credos. É sempre libertação. Mesmo que o corpo se prenda nas teias de um mundo concebido em ferro, é volátil o pensamento e foge de limites que o corpo desenha. Já longe do meu quintal, costumo gritar alto…
Mas quando abandonar as asas que me transportam, direi apenas… “até breve…”
E se eu quiser acrescentar um som às cores de verão de minhas memórias, ouvirei ao fundo, entre um mar e uma montanha que guardo no meu peito, uma trompete e uma guitarra portuguesa…no meu quintal…

Texto – Manuela Lamy
Foto – Alba Luna

11 novembro 2006

Claridade


Clareou.
Vieram pombas e sol,
E de mistura com o sonho
Posou tudo num telhado...
Eu destas grades a ver
Desconfiado

Depois
Uma rapariga loura
(era loura)
num mirante
estendeu roupa num cordel:
roupa branca, remendada
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...

E não foi preciso mais:
Logo a alma
Clareou por sua vez.
Logo o coração parado
Bateu a grande pancada
Da vida com sol e pombas
E roupa branca, lavada.

Poema Miguel Torga
Foto José Varela

04 novembro 2006

Pedro Barroso


Foi há quinze anos que ouvi pela primeira vez e ao vivo Pedro Barroso. Considerado talvez, o último dos trovadores da música popular portuguesa é um homem de valores e causas, abordando sempre nas suas canções temas tão importantes como o Amor a Solidariedade ou a História. Foi distinguido no ano de 1994 pela Casa do Ribatejo com o título de “Ribatejano Ilustre”.
Nessa noite a acompanhar Pedro Barroso, um outro grande músico esteve presente no palco do São Luis, chama-se Sérgio Mestre, era flautista e felizmente com eles

Aprendi nos "esteiros" com Soeiro
e aprendi na "fanga com Redol
Tenho no rio grande o mundo inteiro
e sinto o mundo inteiro no teu colo
Aprendi a amar a madrugada
que desponta em mim quando sorris
És um rio cheio de água lavada
e dás rumo à fragata que escolhi .

02 novembro 2006

Patetice


Depois de ouvir o Alberto João é impossível ficar indiferente. Hoje, a televisão de serviço público presenteou-nos com um programa humorístico de classificação medíocre e de baixíssima qualidade, definitivamente prefiro os Gatos Fedorentos, estes por enquanto conseguem-me pôr os neurónios saudávelmente em funcionamento. Pergunto a mim mesmo, porque raio de razões é que a Judite de Sousa se enganou no programa, ela habituando-nos a uma imagem televisivamente construída, não costumava entrevistar pessoas depois do telejornal?!!! Bem, é um facto que depois de ter reconhecido a situação insólita de estar no programa errado, lá tentou incutir um pouco de seriedade e cumprir o alinhamento da produção, mas o homem estava ali mesmo era para fazer humor, aliás, é o que ele melhor consegue fazer, mas sempre tem sido nas tardes carnavalescas da Madeira, não é? Senti-me decepcionado, esperava mais da direcção de programas da RTP1, vertente entretenimento, afinal de contas pagamos impostos, só para isto??!!!...
Nota – Sei que de meritório este tema nada tem, mas..., tinha que desabafar mesmo, nesta noite chuvosa de Novembro.

Caricatura daqui

27 outubro 2006

A Memória Meditada


A vida sendo presente é sobretudo passado, adquirindo verdadeiro sentido quando despertarmos das memórias os acontecimentos que nos ligaram indubitavelmente a essa esplendorosa viagem da qual Pitágoras apelidou e bem, de grande sala de espectáculos. Remexemos no baú das nossas recordações e eis que encontramos testemunhos de tempos menos meditados e por isso mesmo, vazios de uma atenção mais cuidadosa, justificando assim nos tempos presentes, um outro olhar e porventura uma leitura muito mais atenta e quiçá uma dedicação mais apaixonada. Há uns anos não muito longínquos conheci Fausto Bordalo Dias, compositor, cantor e um dos melhores criadores de música popular portuguesa, assisti de uma forma privilegiada a concertos musicais por si interpretados, tão importantes na sua carreira como os que se realizaram no Teatro S. Luis, no Rossio e Praça do Comércio em Lisboa, em Almada, no CCB, e por último no Seixal. Passados que foram trinta e cinco anos e encontrar uma referência deste cantor na revista Flama publicada no verão de 1972, é uma sensação de caminho percorrido desde há muito com a sua música e os poemas deste grande "trovador mas não bobo, sinaleiro mas nunca polícia", como o classificou e bem João Gobern na apresentação do seu último trabalho, A Ópera Mágica do Cantor maldito, no CCB.
Razão tem François René quando afirmou que “ A nossa vida é tão vã que não passa de um reflexo das nossas memórias”. E hoje nesta caminhada imensamente conturbada, aumenta a necessidade de continuarmos referenciados e lúcidos, de guião em punho e a voar por cima das águas, para bem das nossas existências.

20 outubro 2006

Janeiro de Cima

Seguindo o conselho do Rui Dias José , percorri por uns breves instantes o álbum de Sílvia Antunes e fiquei maravilhado com o que lá fui encontrar. É muito reconfortante saber de que ainda existem boas vontades na preservação do que é português, contra a acutilância desmesurada das novas tecnologias quantas vezes inadequadas e impróprias na sua utilização ao nível do traço arquitectónico das nossas casas.

É pois, para quem aprecia estes estados de alma, muito recomendável visitar este álbum da Sílvia Antunes de onde estas duas fotos foram tiradas e porque não a própria aldeia, situada na região do Fundão e chamada Janeiro de Cima.

16 outubro 2006

Adriano Correia de Oliveira


Porto, 9 de Abril de 1942 – Avintes, 16 de Outubro de 1982

Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada

Saudades de Adriano

10 outubro 2006

A Esplêndida Cidade


Um pobre e esplêndido poeta, o mais atroz dos desesperados, escreveu esta profecia: “Ao amanhecer, armados de uma ardente paciência, entraremos nas esplêndidas cidades.” Eu creio nessa profecia de Rimbaud... Sempre tive confiança no homem. Não perdi jamais a esperança. Por isso talvez tenha chegado até aqui com a minha poesia, e também com a minha bandeira. Em conclusão, devo dizer aos homens de boa vontade, aos trabalhadores, aos poetas, que todo o porvir foi expresso nessa frase de Rimbaud: só com uma ardente paciência conquistaremos a esplêndida cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens.
Assim a poesia não terá cantado em vão.

Pablo Neruda
Ilustração_ Dafni A Tzitzivakos

03 outubro 2006

Vais ver, o sol brilhará


Não sou o único
....
Pensas que sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ouvir os conselhos dos outros
E sempre a cair nos buracos
A desejar o que não tive
Agarrado ao que não tenho
Não, não sou o úinico
Não sou o único a olhar o céu

E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará

Foto_Carlos Pereira
Poema_Tim (Xutos e Pontapés)

27 setembro 2006

A Opera Mágica do Cantor Maldito


Num Sonho de Águas Claras
...
ir ao encontro outra vez
do perfume dos limões
olhar a sombra destes prados
em carmesim de cerejas
pela frescura das laranjas
pelo sabor das tangerinas
saborear teus lábios rubros
em leves tons de framboesas
depois
descobrir
depois
um astro em pomar de cores
sombreado pelas plantas
cheio de gente feliz
feliz tanto quanto eu sou
p´lo aroma da flor dos ramos
e pela serena presença
daquela mulher que eu amo

Poema_Fausto Bordalo Dias

22 setembro 2006

Roteiro para a Ciência

Sobre o brilhante texto do A Castro intitulado “Roteiro para a Ciência”, ocorreu-me dissertar um pouco sobre o tema, pegando exactamente nesta frase em forma de comentário, da autoria do Ludovicus rex .

“ Lutarei até que as forças me deixem, por um país melhor.”

Eu também acho que sim, que devemos exigir sempre, um país melhor onde realmente nos sintamos bem e orgulhosos desta nossa casa colectiva, que é Portugal. Mas este sentimento nem sempre é acolhido razoavelmente por quem anda minimamente atento ao que se passa à nossa volta e esta análise levar-nos-ia a um tema tão ramificado nas suas vertentes que muito dificilmente chegaríamos a uma conclusão porventura aceite por uma maioria abrangente, como diria alguém da nossa praça política.
Mas sintetizando um pouco, é claro que estou de acordo com o texto de análise do A.Castro, é lamentável vermos sair portugueses formados superiormente nas nossas escolas, para outros países, onde aí são acarinhados profissionalmente no desenvolvimento e desempenho das suas profissões. È uma situação injusta para todos, mas enquanto as nossas empresas apostarem no desinvestimento e na mão de obra não especializada, o futuro dos nossos jovens é sempre cada vez mais sombria dentro desta estratégia empresarial. Há quarenta mil licenciados no desemprego? Que importância isto tem para as empresas? Elas em nada contribuíram para os custos globais da formação destes jovens!!! Foram as famílias (sabe-se lá com que dificuldades) e o Estado pela via dos nossos impostos que suportaram os custos dessa formação e as empresas estão-se pouco ralando que haja jovens engenheiros ou arquitectos desempregados !!!. É da nossa sensibilidade quotidiana o reconhecimento de que cada vez mais existem empresas nacionais a recorrerem à compra de produtos manufacturados nos países da asiáticos. É frequente vermos produtos nacionais fabricados na China ou na Índia. Com esta política de importação, quantos desempregados proporcionarão? Que repercussões sociais para as famílias, esta política não tem? Até onde aguentará uma família, níveis de comportamentos socialmente aceitáveis, com um ou dois filhos formados superiormente e sem futuro à vista?
Esta economia global que permite às empresas trocar contentores de produtos manufacturados oriundos de países asiáticos por jovens recém formados nas nossas escolas, não pode continuar por muito mais tempo. Ela é fonte criadora de desníveis sociais e o equilíbrio familiar tende a torna-se sempre muito mais frágil. È de pasmar como é que a classe (esta) política não quer ver esta situação em movimento cada vez mais crescente.
Com o devido respeito à análise do A. Castro, até porque concordo inteiramente com ela, o que me preocupa mais são realmente os cérebros que por aí ficam e não tanto os que conseguem encontrar caminho profissional noutros países. Porque, é por aqui que passa uma alteração profunda da forma de gerir as nossas empresas, de modo a que sejamos finalmente todos mais felizes, como muito bem aposta o Ludovicus rex.

16 setembro 2006

Parque Nacional Peneda Gerês

Visitar o Parque Nacional do Gerês é sempre uma oportunidade ùnica a não perder por quem aprecia uma forma diferente de se relacionar com a vida. Longe dos grandes ajuntamentos e movimentações de pessoas, aqui tudo é apreciado e vivido a ritmos diferentes. É possível apreciar a bondade com que a natureza quis brindar esta zona do nosso país, muito aprazível e dotada de condições sempre muito admiradas pelos inúmeros visitantes que ali ocorrem ao longo do ano. Um dos lugares de eleição deste paraíso verde, é a subida de barco do Rio Caldo em direcção à Barragem da Caniçada. O percurso inicia-se na Marina passando pouco depois sob as duas Pontes do mesmo Rio com arquitectura do reconhecido e prestigiado engenheiro português, Edgar Cardoso. Depois..., bem depois é deixarmo-nos levar pela beleza colorida das suas margens até ao fim da viagem.

Cais de embarque da Marina do Rio Caldo

Pontes do Rio Caldo

Ponte e Estalagem do Rio Caldo

Estalagem do Rio Caldo

14 setembro 2006

Museu do Ouro

Nas minhas últimas férias de Verão, visitei o Museu do Ouro situado em Travaços, concelho de Póvoa de Lanhoso.

É um local sábiamente aproveitado de umas antigas instalações fabris de trabalhar o ouro. Logo à entrada somos recebidos simpáticamente pela filla do homem que levou a cabo esta tarefa de preservar para as gerações vindouras, a história da transformação ouro, até chegar aos objectos de filigrana.
Subimos depois ao piso superior e aí somos informados detalhada e entusiásticamente pelo senhor Francisco Sousa, sobre a utilidade de todos os utensilios aí expostos e a sua real aplicação nesta verdadeira arte secular.

Enfim, um espaço agradável e dirigido por uma família, que faz da história da ourivesaria, um bom motivo de interesse para um passeio históricamente enriquecedor.

10 setembro 2006

Lisboa

IMAGEM

As ondas
e o azul...
sempre este azul
intenso.
O jardim
parece florido
talvez em tons cinza...
o branco salpica
em traços ao de leve...
mas o sol
dá brilho diferente
a este lugar.
Pessoa passou por aqui
deixou algumas pinceladas de magia
em cada palavra dita
em cada frase vivida.
Em Camões, outro som,
mais longínquo,
mais memória.
Nas velas de um navio
abandonou Lisboa,
acenou de longe
e partiu...
A presença fica
em cada onda que passa
em cada gaivota
que me leva...
ou me deixa para sempre
nesta praça.

Foto_Ivo Gomes
Poema_Manuela Lamy

06 setembro 2006

Beleza no Ballet

Ao ver esta fotografia não resisti em compartilhá-lha com mais alguém a sua merecidíssima divulgação. É realmente de uma beleza única maior, aquela que nos é oferecida pela bailarina russa Ekaterina Osmolkina, durante uma actuação do Ballet de St Petersburg em Madrid neste mês de Setembro.

Foto@EPA/Kiko Huesca

05 setembro 2006

Freddy Mercury

Se fosse vivo, completaria hoje sessenta anos de idade. Freddy Mercury foi um símbolo como vocalista da banda pop-rock "Queen." A energia que aplicava durante as suas actuações nos concertos ao vivo, contagiava plateias de milhares de pessoas. Não é fácil pois esquecer as suas memoráveis interpretações onde ele foi sem dúvida, a verdadeira alma inspiradora dos "Queen."

28 agosto 2006

Corrente Auto-Retratista

È, concordo plenamente com a Magnólia , fazer um auto-retrato é sempre um exercício muito complexo. Temos na nossa conduta de comportamentos, padrões a que nos propomos seguir sempre em função daquilo que achamos serem os caminhos mais justos e correctos. Mas no percurso da vida, surgem por vezes algumas situações as quais nem sempre conseguimos ultrapassar à nossa maneira, são os chamados desvios de conduta, incompreensíveis por vezes e com um certo grau de dificuldade costumamos exemplificar como, erros humanos, condicionalismos da vida, ou até, precipitação de analise. E é na assunção daquilo que gostávamos que fossemos e no que somos na realidade, que mora a dificuldade do auto-retrato. Mesmo assim e dando continuidade ao lado escolhido pela Magnólia, a corrente por aqui também não se partirá: Sou um cidadão inserido socialmente neste país onde nasci e onde penso continuar, preocupo-me com as injustiças e a falta de verdade de todos os poderes, quer sejam institucionais ou não. Gosto de estar do lado das minorias, ou seja, prefiro compartilhar com quem esteja esclarecido do que alinhar pelas maiorias regimentadas. Provoco por vezes a indignação porque entendo que na discussão das ideias, tudo pode ser questionado, até as nossas próprias razões. Os meus valores são a seriedade e a justiça, porque entendo que tudo pode ser melhorado numa sociedade, se estes dois valores forem pilares fundamentais de todas as relações sociais. O meu leque de escolhas é hoje mais abrangente do que há uns tempos passados, reconheço, ( o caminho da vida tornar-nos mais complacentes?!!! ), mas simpatizo com um clube de futebol , tenho os meus autores preferidos, alimento-me musicalmente dos meus músicos favoritos, e entendo que a vida só faz sentido se usufruirmos bem, das coisas boas que ela nos dá.
As demais pinceladas deste auto-retrato, deixo-as ao olho artístico de quem me acompanha periodicamente neste interessante caminho blogueiro.
Por fim, lanço daqui o desafio desta corrente retratista a outros caminhantes blogueiros. São eles TomásVasques , LuisVillas , e JuliaCoutinho .

24 agosto 2006

O regresso

É sempre bom o regresso a sítios de que gostamos. Depois deste breve interregno blogueiro preenchido pelas férias anuais decorrentes da vida profissional, eis que reinicio esta sempre aliciante viagem por caminhos porventura já percorridos, mas onde a curiosidade em saber de novos caminhantes e que mensagens eles possam trazer, justifica plenamente esta escolha há já mais de um ano trilhada.
Bem desejaríamos que algo tivesse mudado durante esta ausência..., que os comportamentos e as atitudes dos homens tivessem sido outros, com mais justiça , mais imparcialidade e correcção nas decisões tomadas e acima de tudo que as vontades tivessem sido definitivamente direccionadas para o justo equilíbrio da vida, das nossas vidas. Que bom seria que as notícias fossem outras, em que o sofrimento humano de tanta gente que nos é oferecido gratuita e repetidamente pelas televisões, pudesse ser substituído pela natural alegria de viver, respeitando sem sofismas a dignidade de quem tem o direito e o querer de ser diferente. Mas não. Há gente, ainda há gente, que insensatamente teima em pensar num mundo à sua medida e vontades, onde a persistente adulteração de regras internacionalmente aceites cabe sempre estupidamente nas suas mentes tremendamente doentias. Mas..., Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança... e um dia quem sabe, se possa viver onde o respeito mútuo pela diferença e a dignidade nas relações entre todos, sejam traves mestras numa realidade efectivamente aceite nas estruturas colectivas das sociedades. Vamos pois, estar (cada vez mais) atentos...

27 julho 2006

Este Mundo, não.

Destruição e mais destruição, definitivamente os homens ( alguns homens, bem entendido) perderam qualquer sentido de respeito para com a humanidade. Invadiram ontem no Iraque, para impor as suas regras de sociedade e vontades estratégicas, desrespeitando o direito à diferença como forma dos povos se poderem constituir e organizar livremente em sociedade, atacam hoje no Líbano, destruindo e matando em nome dos seus valores cada vez mais belicistas, desrespeitando uma vez mais culturas e formas de viver diferentes. E o mundo assiste ( este, o de todos nós representado nas Nações Unidas) impavidamente a uma destruição, que eu só imaginava na tela cinematográfica. Ou será que o Nº4 do Artigo 2 [Os membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado, quer seja de qualquer outro modo incompatível com os objectivos das Nações Unidas] já não consta na Carta das Nações Unidas?

13 julho 2006

Vanessa, Campeã


Vanessa Fernandes, tricampeã europeia de triatlo, vai participar sábado pela primeira vez no Life Time Fitness Triathlon

Recentemente, a triatleta do Benfica conquistou o terceiro título Europeu de sub-23 consecutivo e lidera ainda a classificação da Taça do Mundo.

Para quem ficou sem saber o que dizer, quando seu pai Venceslau num belo dia lhe disse que a tinha inscrito no triatlo:
- Oh pai, mas eu nem sei representar !!!!!
- Não é teatro filha..., é uma prova que engloba três modalidades, uma de natação, outra de ciclismo e por fim uma corrida a pé, vá..., vamos mas é treinar porque a prova é já para a semana.

...não está nada mal, para esta jovem campeã portuguesa . Força Vanessa, há-de haver sempre mais alguém que repare em ti.

06 julho 2006

Defender a Vida

Com as facturas da electricidade e do telefone, recebes PUBLICIDADE. Não a deites fora!GUARDA-A, junta-a e reenvia-a aos respectivos serviços. Deixa que sejam eles a deitá-la no lixo!Recebes correio para empréstimos, cartões de crédito… ou “ negócios “, muitas vezes acompanhados de ENVELOPES DE RESPOSTA PAGA…. Em vez de os deitares no lixo, mete essas inutilidades nos tais envelopezinhos e põe-nos no correio!Envia: a publicidade do mecânico automóvel… ao teu operador telefónico; os cupões de desconto de pizzas ao… teu banco; as promoções do supermercado a… quem tu quiseres! E sem remetente. Verifica sempre se algum dos teus dados pessoais não figura num destes documentos devolvidos. Podes também… enviar o envelope de resposta paga, VAZIO ! ! !Que tal?! Se todos fizermos isto… Os bancos, as instituições de crédito e outros, receberão de volta todas as porcarias que nos enviaram. Eles que as apreciem! Pagarão eles próprios as franquias, e 2 vezes: o envio e a devolução!Uma maneira simples de ter menos resíduos… de preservar o planeta e as nossas florestas! Não custa tentar e até pode ser divertido

Texto tirado daqui

01 julho 2006

Sexta-Feira no Mundial

"(...) O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)

“ O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial” - Mia Couto, in O fio das Missangas
Foto_Mário Galiano

30 junho 2006

Costa Gomes

- Nasceu em Chaves, a 30 de Junho de 1914, com o nome completo de Francisco António da Costa Gomes.
-Entra aos 10 anos para o Colégio Militar.
-Aos 21 anos de idade, conclui o curso de oficial de Cavalaria.
-Em 1944, já com a patente de capitão, inscreve-se na Universidade do Porto, onde tira a licenciatura de Ciências Matemáticas e Engenharia Geográfica, com distinção.
-É promovido a major em 1952.
-De 1954 a 1956, presta serviço no Quartel General do Supremo Comando Militar do Atlântico, participando em reuniões internacionais para a reorganização das forças da NATO.
-Em 1958, Salazar, nomeia-o Subsecretário de Estado do Exército, formando equipa com Júlio Botelho Moniz como Ministro da Defesa e Almeida Fernandes como Ministro do Exército.
-É graduado em coronel em 1960.
-É colocado punitivamente no Distrito de Recrutamento de Beja, por discordar do início da guerra em Angola, considerando este problema mais de índole política do que militar.
-A sua promoção a general efectua-se somente depois da queda de Salazar, em 1970.
-Logo que deflagra o movimento dos Capitães, é o único general a apoiar as reivindicações apresentadas por estes contra o célebre decreto-lei do Ministro da Defesa, general Sá Viana Rebelo.
-Quando os capitães o vão procurar para chefe do Movimento, declina o convite e sugere António de Spínola.
-Para a publicação de Portugal e o Futuro, Costa Gomes dá a necessária autorização, emitindo parecer favorável e pressiona o Ministro da Defesa, Silva Cunha a autorizá-lo também.
-Costa Gomes é convidado a proferir o discurso de apoio ao Presidente do Conselho Marcelo Caetano, mas recusa a fazê-lo e a comparecer em S. Bento, a despeito da pressão do Ministro da Defesa Silva Cunha, baseando-se em que não podia falar em nome dos seus camaradas sem os consultar.
-A 14 de Março de 1974 é demitido secamente do cargo de Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, juntamente com António Spínola.
-A 25 de Abril é convidado pelo MFA a participar na Junta de Salvação Nacional.
-A Junta nomeia-o novamente CEMGFA.
-A 30 de Setembro de 1974 a Junta elege-o para Presidente da Republica, em substituição de António Spínola.

"É necessário um grande espirito de humildade e de simplicidade por parte de quem governa para se submeter – sem olhar a demoras – as suas decisões ao parecer dos outros."

"Criar ou contribuir para divisionismos entre correntes de pensamento ou acção democrática, no sentido superior e digno do conceito democrático, é atentar contra um futuro onde floresce a dignidade humana."

"Sejamos puros e sinceros ao informar o nosso povo, a nossa juventude, esclarecendo as vias que conduzirão Portugal a uma verdadeira democracia em liberdade autêntica."

Foto_Manuel Moura

Após a sua saída da Presidência da República, trabalhou no seio do Conselho Mundial da Paz, do qual foi vice-presidente e presidente do Comité Português.
Atingiu o marechalato em 1981. Esteve ligado ao Conselho Mundial da Paz e foi membro activo da organização Generais da Paz.
No dia 31 de Julho de 2001 morre no Hospital Militar de Lisboa. Tinha sido hospitalizado desde finais de Abril na unidade de Tratamentos Intensivos Coronários (UTIC) do Hospital de Santa Maria (onde permaneceu até 20 de Julho) devido a problemas resultantes de uma queda.

Textos Revista do Povo

23 junho 2006

Ser Feliz


"A minha infância ainda está a acontecer. Para mim não é só um tempo, é a capacidade que temos de nos espantar e de sermos encantados, e , nesse aspecto, ainda vivo em estado de infância. Tudo me fascina. Sou muito ingénuo. Sou quase um rural visitando pela primeira vez uma cidade. Mas quero manter isso, apesar de saber que não é muito prático. A única maneira que tenho de ser feliz é ter esta sensação de estranhamento. Como se estivesse a olhar pela primeira vez as coisas. Essa é a minha receita para ser feliz."

Mia Couto à Revista Caras
Foto_Mário Galiano

19 junho 2006

Portugal


Recuso-me a aceitar a inevitabilidade de que Portugal só tem capacidade mobilizadora para finais de Campeonatos de Futebol... nós somos capazes de outros desafios..., já fomos onde mais ninguém conseguiu ir..., merecemos ser lidos nas estatísticas internacionais de forma diferente, querem é fazer-nos crer do contrário.

Foto_Paulo Duarte

14 junho 2006

O Dia do Cante

A Praça da República, em Beja, foi o cenário, em 20 de Maio último, do maior concerto coral até agora realizado no nosso País, uma iniciativa da Delegação local do Inatel-Casa Michel Giacometti- que reuniu as vozes de cerca de um milhar de intérpretes do Cante alentejano.
A Festa começou, manhã cedo, com o desfile pelas ruas de Beja de meia centena de grupos corais, provenientes do Baixo Alentejo e da margem sul do Tejo. O Dia do Cante prosseguiu, horas depois, no Regimento de Infantaria, com uma mega açorda de bacalhau para cerca de duas mil pessoas, seguido de um festival aéreo pela esquadrilha acrobática Asas de Portugal.

Foto-Pedro Barrocas
Texto – Tempo Livre

13 junho 2006

Álvaro Cunhal

Faz hoje um ano que morreu o líder histórico do PCP. A sua vida confundiu-se com a do Partido Comunista Português, para o qual foi sempre uma referência, mesmo depois de ter cedido a sua cadeira de secretário-geral, em Dezembro de 1992. Publicou obras como ideólogo do marxismo-leninismo (entre as quais "Rumo à Vitória" e "Partido com Paredes de Vidro"), só em 1995 reconheceu publicamente ser ele o Manuel Tiago da ficção literária "Até amanhã Camaradas", "Cinco Dias e Cinco Noites", "Estrela de Seis Pontas" e "A Casa de Eulália" e o António Vale que assinava temas plásticos e fazia desenhos como as suas célebres ceifeiras.
Em 1941, trabalhou como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares e chegou a dar explicações a Mário Soares, mas, no final do ano, passa à clandestinidade. Até 1947 conseguiu pôr de pé o partido, restabelecer as relações com a Internacional Comunista (interrompidas em 1938) e ganhou todos os "desvios internos", sendo mesmo o responsável pelo relatório político apresentado no II e IV Congressos. Preso de novo pela PIDE em 1949, no ano seguinte é levado a julgamento e é condenado a quatro anos de prisão maior celular, seguida de oito anos de degredo.Na prisão escreve e desenha. Esteve mais de oito anos isolado numa cela."Quando se tem um ideal o mundo é grande em qualquer parte", lembraria mais tarde. Nos últimos anos da sua vida esteve sempre afastado da cena política devido à sua avançada idade e ao seu estado de saúde. Álvaro Cunhal teve uma filha única, Ana (a mãe foi a sua companheira de exílio Isaura Dias) embora a mulher dos seus últimos anos fosse Fernanda Barroso.

Foto – Vidas Lusófonas
Texto – Extractos retirados de O Público

Depois de publicar este Post, soube pela comunicação social que Fernanda Barroso, última companheira de Álvaro Cunhal, tinha falecido hoje pela manhã, aos 61 anos. As voltas que a vida dá...!!!

06 junho 2006

Vanessa Fernandes

Não teve estágios de luxo, não foi tema de abertura em telejornais, nem teve honrarias de visitas ministeriais, é atleta do Benfica e cidadã deste país chamado Portugal. No último domingo em Madrid venceu mais uma prova da Taça do Mundo de Triatlo, aumentando para dez o número de vitórias consecutivas nesta prova internacional, ascendendo assim, ao primeiro lugar do ranking mundial do Triatlo.
Completou o percurso de 1,5 Km de natação, 40 Km de ciclismo e 10 Km de corrida, no tempo de 2.06.08 horas.
A jovem Vanessa Fernandes é campeã europeia de elites e sub-23 e uma carreira já recheada de assinaláveis êxitos.

01 junho 2006

Canto dos Pardais


Na genuína contemporaneidade
do espaço amalgamado
no útero prenhe
de imaginação febril,
os pardais cantam
melodias intemporais
que do passado e do presente
lançam ao homem
o desafio do abraço universal


Poema – Guilherme Afonso
Foto –
Joaquim Coelho

28 maio 2006

A 1ª Grande Aposta, ao vivo

... Começámos a preparar o nosso primeiro espectáculo ao vivo em Lisboa. Por iniciativa das associações de estudantes, seria no dia 28 de Maio, na Aula Magna.

... No dia do concerto estávamos todos muito nervosos. Será que vem muita gente?
- Vais ver que é como na Amadora, rosna o Luís, referindo-se ao malogrado espectáculo para 52 pessoas.

... Dez minutos antes do início, fomos atrás do palco. Espreitamos da pequena porta que lhe dava acesso: A sala estava à pinha! Tão cheia que não se viam os degraus. Desta vez estavam os nossos pais, que já levavam um pouco mais a sério o nosso projecto.

... Começámos com um ritmo de tambores ao qual se sobrepôs a flauta do Artur. Um início diferente, com base no TV2...

... A sala atingira o rubro. Depois, foi ver toda a gente tentar dançar o N´vula, do Filipe Mukenga, apesar do pouco espaço disponível. Namoro, do Fausto e Viriato da Cruz, um verdadeiro hit para aquele público, manteve a festa. Explodiu com o Barco Vai de Saída do mesmo Fausto e com a Prima da Chula, para fecharmos com uma nossa. Nos últimos acordes, o Luís apresenta o grupo todo. Acabou o espectáculo. Saímos a correr depois das despedidas e do tradicional “Obrigado”.
...Venham lá esses encores...

... No final da Saudade ninguém arreda pé. Terá de ser mais uma...e a seguinte será mesmo a última, decidimos....
... Uns Vão Bem Outros Mal do Fausto, para acabar em cima.
- Sonhos cor de rosa! Cháu! Despede-se o Luís.
Lá dentro, nos camarins, recebemos dezenas de abraços de amigos, colegas e familiares. Tínhamos ganho a nossa primeira grande aposta ao vivo.

Trovante Por Detrás do Palco – Manuel Faria
Foto tirada daqui

18 maio 2006

Portugal, menos

A nossa pátria está onde somos amadosMikhail Lermontov

E se houvesse a possibilidade dos portugueses poderem, na hora do registo dos seus filhos nascidos em clinicas na nossa vizinha Espanha, optarem pela nacionalidade espanhola? Porque, ser gente e contribuinte (o cumpridor, claro) em Portugal é lamentavelmente nos dias que correm, uma figura tristemente desrespeitada por todos os poderes instituídos deste país e não se perspectiva, por negligência de quem nos tem governado nos últimos anos, melhorias a prazo para o cidadão bem comportado no âmbito fiscal. Já não bastava termos que suportar o desbaratamento dos nossos impostos, o saber da ruinosa gestão que fazem dos nossos descontos para a chamada Segurança Social, o descobrir da ineficaz aplicação das nossas contribuições por parte das Autarquias, e apesar de tudo isto, ainda temos alegremente que financiar a permanência das multinacionais instaladas no nosso depauperado país. Razão tinha o Professor Agostinho da Silva quando lhe perguntaram o porquê de não usar cartão de contribuinte, dizendo ele então: “porque se tivesse que o usar, sentia-me na obrigação de responsabilizar o estado português pela aplicação do dinheiro dos meus impostos e como eu não quero ter problemas...”.

15 maio 2006

Humberto Delgado

- Nasceu em S.Simão de Brogueira, Torres Novas, a 15 de Maio de 1906.
- Frequentou o Colégio Militar, cujo curso concluiu em 1922, ingressando na Escola Militar, onde tirou o Curso de Artilharia e Campanha e donde saiu em 1925
- Em 25 de Abril de 1938 foi escolhido para o Corpo do Estado Maior, sendo o único Oficial aviador que ingressou neste organismo.
- Em 1957 é nomeado Director Geral da Aeronáutica Civil

- É piloto honorário da Força Aérea Americana e membro do Instituto of Aeronautical Sciences dos Estados Unidos da América.
- Em 1958 é candidato á Presidência da República.

- Punido pela actividade oposicionista ao Governo de Salazar, com pena de “separação do serviço”, pede asilo político á Embaixada do Brasil em Lisboa, facto que levanta enorme celeuma e polémicas jornalísticas, sobretudo na imprensa brasileira e que terminou pela sua partida para o Brasil a 20 de Abril de 1959.
- Em fins de 1961, regressa clandestinamente a Portugal para tomar o comando de uma revolta militar que deveria eclodir em várias unidades do país, mas que somente em Beja rebenta, sendo esmagada logo ás primeiras horas da manhã.
- A fim de assumir o comando da Junta de Acção Patriótica dos Portugueses de Argel, Delgado parte, ainda doente, para a capital da Argélia, onde chega a 27 de Junho de 1964.
- Tenta convencer os seus companheiros da Junta a dar prioridade ás tarefas de um Comando Operacional, trocando “balas de papel por balas de aço”, mas consideram-no “fora das realidades”.
- A Pide que então já tinha armado uma teia criminosa, mata-o a 13 de Fevereiro de 1965 em Villa Nueva de Fresnos, perto da fronteira luso espanhola.

Texto/Ilustrações-Revista do Povo

14 maio 2006

Delgado no Porto

Houve quem tivesse ousado alterar o rumo politico em que o país se encontrava mergulhado sob a batuta ditadorial de Salazar. Esta fotografia registou para a histórica, o momento em que Humberto Delgado agradece na varanda da sede da sua candidatura à Presidênca da República na Praça Carlos Alberto, no Porto, ao fim da tarde do dia 14 de Maio de 1958, as incessantes aclamações de um povo que queria simplesmente, ser livre.

10 maio 2006

Obviamente, demito-o

No dia 10 de Maio de 1958, a uma pergunta do jornalista da France Press sobre que atitude é que tomaria para com o Presidente do Conselho Oliveira Salazar, caso fosse eleito, Humberto Delgado de uma forma enérgica e sem hesitação disse: "Obviamente, demito-o". A resposta eclodiu por toda a sala repleta do Café Chave de Ouro e a frase caiu que nem uma bomba, transformando para a História este homem e este português, no "General sem Medo"

02 maio 2006

Opção

Foi há trinta anos e decorria o ano de 1976 nos meses Abril/Maio, quando surge uma revista que veio agitar um pouco as águas em que se encontrava o panorama do jornalismo português, tinha o título de Opção e o seu director foi Artur Portela Filho. Revista de uma qualidade assinalável ao nível do aspecto gráfico e da própria estrutura temática, eram abordados e sugeridos de uma forma criteriosa eventos de cinema, teatro, musica e tantas outras vertentes culturais.

Os assuntos políticos de maior projecção a nível nacional, eram tratados e discutidos por personalidades de inegável valor e prestigio. O seu estatuto editorial não era isento politicamente, assumindo-se claramente como a voz que a Esquerda podia e devia ser e inserida numa corrente jornalística na luta por um socialismo libertador, fecundo e original.
Artur Portela Filho para além de ter colaborado em vários jornais, também foi director do Jornal Novo e no seu último cargo público, foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.