23 julho 2005

CARLOS PAREDES

Faz hoje um ano, que partiu desta nossa vida, o grande cidadão e português , Carlos Paredes.
Para quem não tenha qualquer registo musical em casa, deste que foi, o Mestre da guitarra portuguesa, cliquem no título e por favôr não deixem de ouvir com muita emoção, Verdes Anos, Mudar de Vida e tantas outras obras imortais deste músico de excepção.

21 julho 2005

SERÁ SINA, MESMO?!...

A classe operaria faz grèves, no que está inteiramente no seu direito, mas faz tambem litteratura jornalistica e oratoria sentimental,—o que ridicularisa o trabalho, humilha a austeridade do direito e leza a legitimidade dos interesses, obrigando os obreiros—jornalistas e oradores—a pedirem mais descanços para discretearem, em vez de pedirem mais obra para fazerem. O commercio está arruinado. A lavoura está decadente. A propriedade está hypothecada. Só prosperam, só se procriam, só se reproduzem indefinidamente as instituições de jogo e de usura, as casas de penhores e os bancos!
AS FARPAS RAMALHO ORTIGÃO
Janeiro a Fevereiro de 1873

09 julho 2005

TERRA, MINHA CANÇÃO







A Terra

Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar, Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.

Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.

Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!

Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.

Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão, Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!
E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.

Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!

A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe No pudor dos atalhos.

Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!

MIGUEL TORGA

08 julho 2005

TERRORISMO ?!!!

È sempre bom relembrar, quando como hoje, se fala tanto de terrorismo, das suas causas e justificações:
“Se invadissem o meu País com tanques e aviões de guerra , eu também me revoltaria contra os invasores”

Sérgio Vieira de Mello _ Alto Comissário da ONU, durante a "ocupação" do Iraque.

02 julho 2005

A Lucidez Poética das Inquietudes









Vai-te, Poesia!

Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste planeta feito de carne humana a chorar
onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olhos,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.

Vai-te, Poesia!

Não quero cantar.
Quero gritar!

José Gomes Ferreira