...
"A
consequência imediata deste mau desempenho económico está no emprego, que
entrou em regressão, elevando a taxa de desemprego para 12% da população
activa, um valor sem paralelo noutras áreas como os EUA, a China ou o Japão.
Numa Europa em que quase tudo corre mal, este é um indicador explosivo que vai
perseguir-nos pela vida fora. E não me venham com histórias de embalar meninos.
Esta austeridade “porque sim”, mera birra de economistas frustrados, é das
coisas mais estúpidas que nos poderiam acontecer.
O corolário de
tudo isto é uma dívida que, a não ser reestruturada, pode pôr em causa a
sobrevivência do próprio euro. Ponto um: esta dívida não poderia exceder 60% do
PIB, mas só 5 dos 17 países respeitam a regra. Ponto dois: a média da zona euro
é de 92% do PIB, e à volta deste valor andam a Espanha, a França e a Alemanha.
Ponto três: com dívidas superiores a 100% do PIB estão a Irlanda, a Itália, a
Grécia e Portugal. Alguém me explica como é que uma austeridade sem regras vai
gerir estas situações?
A este
descalabro europeu as ‘troikas’ que nos governam contrapõem que vamos no
caminho certo. Nem de propósito: um estudo recente da OCDE veio revelar-nos
exactamente o contrário. Hoje em dia, para um PIB mundial igual a 100, os EUA
valem 23, a zona euro 17 e a China também 17. E, feita uma projecção até 2030,
para o mesmo PIB mundial de 100, a zona euro cai para 12, os EUA caem para 18 e
a China sobe para 28. Ou seja: os chineses preparam-se para dominar o mundo e a
Europa vai assobiando para o ar.
Que dizem a isto os alemães?"
Fonte - DE Daniel Amaral