21 novembro 2012

O declínio da Europa!

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"A consequência imediata deste mau desempenho económico está no emprego, que entrou em regressão, elevando a taxa de desemprego para 12% da população activa, um valor sem paralelo noutras áreas como os EUA, a China ou o Japão. Numa Europa em que quase tudo corre mal, este é um indicador explosivo que vai perseguir-nos pela vida fora. E não me venham com histórias de embalar meninos. Esta austeridade “porque sim”, mera birra de economistas frustrados, é das coisas mais estúpidas que nos poderiam acontecer.

 

O corolário de tudo isto é uma dívida que, a não ser reestruturada, pode pôr em causa a sobrevivência do próprio euro. Ponto um: esta dívida não poderia exceder 60% do PIB, mas só 5 dos 17 países respeitam a regra. Ponto dois: a média da zona euro é de 92% do PIB, e à volta deste valor andam a Espanha, a França e a Alemanha. Ponto três: com dívidas superiores a 100% do PIB estão a Irlanda, a Itália, a Grécia e Portugal. Alguém me explica como é que uma austeridade sem regras vai gerir estas situações?



A este descalabro europeu as ‘troikas’ que nos governam contrapõem que vamos no caminho certo. Nem de propósito: um estudo recente da OCDE veio revelar-nos exactamente o contrário. Hoje em dia, para um PIB mundial igual a 100, os EUA valem 23, a zona euro 17 e a China também 17. E, feita uma projecção até 2030, para o mesmo PIB mundial de 100, a zona euro cai para 12, os EUA caem para 18 e a China sobe para 28. Ou seja: os chineses preparam-se para dominar o mundo e a Europa vai assobiando para o ar.

Que dizem a isto os alemães?"


Fonte - DE   Daniel Amaral



23 setembro 2012

A Grande Conspiração


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"Há quase um ano que o venho escrevendo aqui: o programa económico deste Governo não se limita a tentar endireitar as contas públicas à custa de sacrifícios cuja insensibilidade e ineficácia são de bradar aos céus. Há também uma agenda escondida, que envolve uma vingança sobre a história, uma desforra de classe, quase uma alteração dos valores cívicos em que a Europa se funda.  A razão pela qual nada bate certo na política económica do Governo PSD (onde o CDS faz de ingénuo útil) não tem que ver apenas com ignorância, impreparação  e incompetência - o que já seria suficiente, por sí só. A razão  pela qual todos temos como um trágico desastre aquilo que o Governo  persiste  em classificar  como um sucesso, é que estamos a falar de coisas diferentes, de objectivos finais diferentes. Os portugueses - que aguentam tudo estoicamente há um ano, sem porem o dinheiro a salvo no estrangeiro  ou desatarem  a partir montras, como fazem os gregos - confiavam que, atravessado o Inferno, limpo o estado das suas célebres  "gorduras" e de todos os que , acima e abaixo, dele abusaram anos a fio,  poderiam ter de volta  um dia a economia, os empregos, as suas vidas. Porém, o objectivo de Passos Coelho e do seu quinteto de terroristas económicos (Gaspar, Moedas, António Borges, Braga de Macedo e Ferraz da Costa) é outro bem diferente: eles querem mudar o paradigma económico, mesmo que para tal tenham de destruir o país, como, aliás, estão a fazer. Fiel aos ensinamentos dos seus profetas americanos, esta extrema-direita económica que nos caiu em cima acredita que o Estado deve deixar de gastar recursos quem não garante retorno  e concentrar-se apenas em apoiar , ajudar, estimular e dar livre freio aos poucos negócios escolhidos  - que, assim, não poderão deixar de prosperar. Aquilo a que chamam "processo de ajustamento" da nossa economia é um caminho deliberado de abandono do que acham que não tem préstimo ou futuro: o emprego pago com salários decentes, os direitos do trabalho, as pequenas empresas que não exportam, a própria classe média que vive do trabalho. No fim do "ajustamento", ficarão apenas as grandes empresas financiadas por baixos salários ou instaladas nos antigos monopólios públicos com lucros garantidos, e uma multidão de emigrados ou de desempregado, prontos a trabalhar por qualquer preço e em quaisquer condições. Esse será o seu "sucesso" final."

 

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Miguel Sousa Tavares - Jornal Expresso de 22-Set-2012




12 junho 2012

Situacionismo



A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.

E, nalguns casos, de respiração assistida.

 

 

O Prós e Contras da RTP tornou-se há muito tempo o paradigma do nome desta série: situacionismo. Foi, nos últimos tempos do "socratismo", a voz do regime; é a mesma voz do regime no ano de "passismo". É isso que é a RTP, a voz do dono.

 

Começa sempre, no elemento mais importante num programa como este, na escolha das pessoas a quem se dá o podium. Sempre que se trata de um tema no âmago do poder, o poder está representado pelos seus melhores defensores, a crítica ao poder por moderadíssimos e débeis representantes, com críticas secundárias e circunstanciais, e isto é nos melhores dias. Em muitos casos, o programa é Prós e Prós.

 

O programa de hoje é um exemplo perfeito, onde, sem contraditório, se ouviu uma série de porta-vozes da política actual, de António Borges a António Vitorino. Sim, de António Borges, a quem não foi perguntado nada de incómodo, a António Vitorino que representa uma das vozes "responsáveis" do PS que em todos os momentos cobre sempre o governo em funções. Há cinco, quatro, três, dois anos, ou seja, em termos históricos, HOJE, exactamente com a mesma voz grave e responsável, António Borges defendia a política suicidária do sistema financeiro que conduziu ao desastre cujos custos todos pagamos, e Vitorino não dizia nada de incómodo para Sócrates, a quem deu a caução completa e total. Hoje, estão a fazer o mesmo como ideólogos e parte activa do actual governo, e se as coisas não correrem como dizem que vão correr, haverá sempre um álibi europeu para os justificar.

 

Eles estão lá sempre, e no entanto, nunca lá estão. Não é por acaso que este tipo de vozes é a preferida do Prós e Contras.

 

 

Fonte - Abrupto






16 maio 2012

"Creio"





"Creio"/Natália Correia/Jorge Fernando/Ana Moura.


Saúde do planeta Terra!


Organização ambientalista lançou hoje relatório sobre o estado de saúde do planeta e quer inverter tendências negativas.

A população mundial está a consumir uma Terra e meia e a tendência é para que em 2030 essa voragem cresça para dois planetas. O aumento do número de pessoas e o consumo excesso dos mais ricos ditam este cenário futuro. "Insustentável", diz a WWF (Fundo Mundial para a Natureza) que hoje divulgou o seu Relatório Planeta Vivo 2012. Ali a organização ambientalista internacional faz o ponto da situação e propõe uma série de medidas para travar este caminho de consumo insustentável dos recursos do planeta.


Segundo o documento, a saúde global dos ecossistemas caiu 30% desde 1970, atingindo esse declínio 60% nas regiões dos trópicos. Em contrapartida, a pegada ecológica dos seres humanos está a aumentar. Nesta altura, o planeta necessita de ano e meio para se restabelecer de um ano de exploração e consumo dos recursos pro parte dos seres humanos. Nesta contabilidade, os portugueses estão em 39º lugar, sem dar mostras de abrandamento dos seus hábitos de consumo energéticos, de água ou de produção alimentar.


Racionalizar a produção energética, tornando-a mais verde, ou a produção alimentar e a distribuição de água, eliminando desperdícios são caminhos apontados pela WWF, que antecipou a divulgação do seu relatório, a tempo de influenciar a Cimeira do Rio+20, que se realiza em Junho.


Origem do texto -   Diario Noticias

25 abril 2012

25 Abril !





Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

 

Sophia de Mello Breyner Andresen




 

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23 fevereiro 2012

Zeca Afonso





Excerto de artigo de Viriato Teles escrito na Revista "Sete" de 25 Fevereiro de 1987.

José Afonso - 02 Agosto 1929  /  23 Fevereiro 1987



26 janeiro 2012

Carta aberta a Nuno Crato



Demasiado falado, o 70.º aniversário de Eusébio. Para contrabalançar a tendência popularucha vou evocar aqui o professor Silva Ferreira, ilustre pedagogo, e uma data que é momento histórico: o 23 de julho de 1966. Nesse sábado, o insigne Silva Ferreira ensinou aos portugueses o que é vontade e pertinácia - afinal valores que ajudam mais os portugueses, sobretudo agora, do que a futilidade dos futebóis. Nessa tarde, um grupo de sábios portugueses defrontava colegas da Coreia do Norte, em Inglaterra. Discutiam um problema que apaixonava o mundo - quantas vezes era possível meter uma esfera de couro num cabaz pousado em relva? - e os asiáticos, bebendo na tradição milenar do yin yang, aos 25 minutos já tinham metido três. O grave foi ver como os portugueses desesperaram. Todos? Não: o professor Silva Ferreira pegou na esfera (viu-a armilar, como a da pátria) e, sozinho, levou-a, uma, duas, três e quatro vezes ao destino. Os colegas de apáticos viraram eufóricos, quiseram aplaudi-lo mas ele enxotou-os: a hora era de lutar. Só à 4.ª esfera aceitou abraços e ainda ofertou uma 5.ª a um colega. Um jornal inglês titulou: "Master-mind Eusebio". Silva Ferreira tinha o mesmo nome do tal futebolista, mas o jornal ao chamar-lhe "Espírito Superior" não estava a falar de pés. Nuno Crato é o 17.º ministro da Educação a quem eu proponho que o vídeo desse Portugal-Coreia do Norte passe nas escolas para formar o carácter dos portugueses.


Ferreira Fernandes no DN 


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