A questão do
situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns
casos, de respiração assistida.
O Prós e Contras da RTP tornou-se há muito
tempo o paradigma do nome desta série: situacionismo. Foi, nos últimos tempos
do "socratismo", a voz do regime; é a mesma voz do regime no ano de
"passismo". É isso que é a RTP, a voz do dono.
Começa sempre, no elemento mais importante
num programa como este, na escolha das pessoas a quem se dá o podium. Sempre
que se trata de um tema no âmago do poder, o poder está representado pelos seus
melhores defensores, a crítica ao poder por moderadíssimos e débeis
representantes, com críticas secundárias e circunstanciais, e isto é nos
melhores dias. Em muitos casos, o programa é Prós e Prós.
O programa de hoje é um exemplo perfeito,
onde, sem contraditório, se ouviu uma série de porta-vozes da política actual,
de António Borges a António Vitorino. Sim, de António Borges, a quem não foi
perguntado nada de incómodo, a António Vitorino que representa uma das vozes
"responsáveis" do PS que em todos os momentos cobre sempre o governo
em funções. Há cinco, quatro, três, dois anos, ou seja, em termos históricos,
HOJE, exactamente com a mesma voz grave e responsável, António Borges defendia
a política suicidária do sistema financeiro que conduziu ao desastre cujos
custos todos pagamos, e Vitorino não dizia nada de incómodo para Sócrates, a
quem deu a caução completa e total. Hoje, estão a fazer o mesmo como ideólogos
e parte activa do actual governo, e se as coisas não correrem como dizem que
vão correr, haverá sempre um álibi europeu para os justificar.
Eles estão lá sempre, e no entanto, nunca
lá estão. Não é por acaso que este tipo de vozes é a preferida do Prós e
Contras.
Fonte - Abrupto
1 comentário:
Este programa poderia, caso a RTP asim o desejasse, proporcionar aos portugueses uma excelente cultura politico/social, transmitindo uma imagem de isenção e rigor enquanto programa de debate/informação. Infelizmente, sempre prestou uma desmesurada subserviência à entidade patronal, nunca conseguindo (ou não querendo!), a produção alhear-se do facto. É evidente que, apesar de ser estatal, e porque o é, deveria prestar um serviço de inquestionável qualidade aos portugueses. Mas isto são coisas que muito poucos vêem, e deses, alguns já começam a calar.
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