28 dezembro 2008

Sensual idade

"Este CD destina-se a um público adulto. Aborda a sensualidade e as suas múltiplas variantes no complexo e sempre insondável sentir humano.
...Tentei manter em tão susceptível e melindrosa matéria, uma abrangência que é filha da muita idade, experiência e alguma observação. Com ironia, abertura de espírito, elevação e tolerância, espero.
Apesar de procurar sempre um traço fino, poético e elegante, este trabalho pode, no entanto ferir susceptibilidades mais conservadoras, ou pessoas de menor idade. Aconselha-se uma audição prévia responsável, para que não existam choques de acordo com os padrões éticos pessoais ou critérios educacionais.
...Seja indulgente consigo por uma hora. Usufrua este CD com gula, atenção e encanto. Leia e escute. Convide os amigos. Apague a televisão. Aproveite. Um dia vai ter saudades deste tempo e modo de ouvir e deste sentir saboroso e diferente."

E receba o meu abraço - pedro barroso


13 dezembro 2008

É preciso salvar o Planeta... !!!

"Hoje, nossa Mãe Terra está doente. Desde o princípio do século XXI temos vivido os anos mais quentes dos últimos mil anos. O aquecimento global está provocando mudanças bruscas no clima: o retrocesso das geleiras e a diminuição das calotas polares; o aumento do nível do mar e a inundação de territórios costeiros em cujas cercanias vivem 60% da população mundial; o incremento dos processos de desertificação e a diminuição de fontes de água doce; uma maior freqüência de desastres naturais que atingem diversas comunidades do planeta; a extinção de espécies animais e vegetais; e a propagação de enfermidades em zonas que antes estavam livres das mesmas. Uma das conseqüências mais trágicas da mudança climática é que algumas nações e territórios estão condenados a desaparecer pela elevação do nível do mar.Tudo começou com a Revolução Industrial de 1750 que deu início ao sistema capitalista. Em dois séculos e meio, os países chamados “desenvolvidos” consumiram grande parte dos combustíveis fósseis criados em cinco milhões de séculos. A competição e a sede de lucro sem limites do sistema capitalista estão destroçando o planeta. Para o capitalismo não somos seres humanos, mas sim meros consumidores. Para o capitalismo não existe a mãe terra, mas sim as matérias primas. O capitalismo é a fonte das assimetrias e desequilíbrios no mundo. Gera luxo, ostentação e esbanjamento para uns poucos enquanto milhões morrem de fome no mundo. Nas mãos do capitalismo, tudo se converte em mercadoria: a água, a terra, o genoma humano, as culturas ancestrais, a justiça, a ética, a morte...a própria vida. Tudo, absolutamente tudo, se vende e se compra no capitalismo. E até a própria “mudança climática” converteu-se em um negócio."

Documento enviado para a XIV Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, por Evo Morales, presidente da Bolívia. Para leitura na íntegra, clique aqui .

07 dezembro 2008

06 dezembro 2008

17 novembro 2008

E se Obama fosse africano?!!!

Obama

"Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

...Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia..

... e fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

... Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

... Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

...A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

...Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia."

Mia Couto - Jornal “SAVANA” – 14 de Novembro de 2008
Foto daqui

21 outubro 2008

Seres decentes!!!

Eanes

Quando cumpria o seu segundo mandato, Ramalho Eanes viu ser-lhe apresentada pelo Governo uma lei especialmente congeminada contra si. O texto impedia que o vencimento do Chefe do Estado fosse “acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência” públicas que viesse a receber.
Sem hesitar, o visado promulgou-a, impedindo-se de auferir a aposentação de militar para a qual descontara toda a carreira.
O desconforto de tamanha injustiça levou-o, mais tarde, a entregar o caso aos tribunais que, há pouco se pronunciaram a seu favor.
Como consequência, foram-lhe disponibilizadas as importâncias não pagas durante catorze anos, com retroativos, num total de um milhão e trezentos mil euros... para continuação clique aqui

18 outubro 2008

Santana Lopes!!!!

Sa

Santana Lopes começou com Sá Carneiro. Chegou ao poder com Cavaco. Tornou-se rival de Marcelo. Foi repescado por Durão. Caiu quando entregue a si próprio. Andou por aí com Marques Mendes. Levantou-se à custa de Menezes. Já se colou a Manuela Ferreira Leite

Não há outro político com um currículo assim em Portugal.


Normalmente, os dirigentes partidários fazem o seu percurso e depois hibernam, seja nos negócios, na influência ou definitivamente na reforma. Nem que seja por períodos de tempo, desaparecem. E alguns até emigram, como Durão ou Guterres.


Mas Santana não.


Para além de um sempre-em-pé, é um profissional da política. Pode não se gostar de reconhecer, mas ele tem carisma, inspira lealdades e arrebanha votos - quando não é fora é dentro. E assim se vai impondo às fraquezas ou necessidades dos respectivos presidentes do PSD. A Menezes requisitou o posto de líder parlamentar e o estatuto de "número 2" do partido. A Manuela Ferreira Leite, para enorme e comprovado desgosto de Pacheco Pereira, arrancou agora a indigitação para a corrida à Câmara de Lisboa.


Nos intervalos da política, Santana Lopes foi presidente profissional do Sporting. Não teve êxito desportivo, mas teve um mérito: foi o primeiro dirigente de um clube a avaliar Carlos Queiroz. E também o primeiro a prescindir dele antes do final do contrato...

João Marcelino - Director Diário Notícias

07 outubro 2008

A crise financeira!

"...O tempo foi passando, passando, a situação do mundo complicando-se cada vez mais, e a esquerda, impávida, continuava a desempenhar os papéis que, no poder ou na oposição, lhes haviam sido distribuídos. Eu, que entretanto tinha feito outra descoberta, a de que Marx nunca havia tido tanta razão como hoje, imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso. Já tenho a explicação: a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, cobardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo. Por isso não se estranhe a insolente pergunta do título: “Onde está a esquerda?” Não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões. "

José Saramago

O secretário-geral do PCP defendeu hoje, no Porto, que chegou o momento de o Estado obter o controlo, "por aquisição ou nacionalização, dos sectores estratégicos, para que possa defender-se de crises como a actual". Para Jerónimo de Sousa, a resposta à crise financeira está na "existência de um sector público forte e dinâmico em áreas estratégicas, designadamente na banca, na Galp, na EDP".

Jerónimo de Sousa

30 setembro 2008

A beleza!

Raphael

A beleza das coisas te devasta
como o sol que fascina mas te cega.
Delas contudo a luminosa entrega
nunca se dá, melhor, nunca te basta.

E a imensa paz que para além te arrasta
quanto mais se te esquiva ou te renega...
Paz tão do alto e paz dessa macega
que nos campos esplende à luz mais casta.

A beleza te fere e todavia
afaga, uma emoção(sempre a primeira
e nunca repetida) que conduz

o teu deslumbramento para um dia
à noite misturado, na clareira
em que te sentes noite em plena luz.

Poema “Beleza” de Menotti del Picchia - Foto de Raphaelopensativo

20 setembro 2008

Artes do silêncio

... o Abade Dinouart lembra que, se o silêncio é de ouro, é não só porque ele não compromete, mas também porque ele permite todas as nuances, todos os cálculos e todos os equívocos, podendo induzir verdadeiras transfigurações, como as de «fazer de um homem limitado um sábio, e de um ignorante um homem capaz.»...

...O silêncio pode assim ser prudente, quando domina a conveniência de acordo com o tempo e o lugar, artificioso quando quem se cala o faz para surpreender, complacente quando se quer sobretudo agradar, trocista quando se quer iludir ou espiritual quando a intenção é só insinuar.

... Mas o silêncio pode ainda ser estúpido, quando revela alguém taciturno, que não significa nada, de aprovação quando exprime sintonia ou simpatia, de desprezo quando afecta frieza, ou de humor quando varia com a disposição subjectiva do momento. O último é o silêncio político que, diz o Abade Dinouart, é o de uma pessoa «prudente, que se cuida, se conduz com circunspecção, que não se abre, não diz o que pensa, não explica a sua conduta nem os seus propósitos. Que, sem trair a verdade, não responde com clareza para que não o descubram...

Manuel Maria Carilho

10 setembro 2008

Não há discursos grátis

Arfante de expectativa, a pátria aguardava o discurso de Manuela Ferreira Leite. Não a pátria toda. Contrariando a gravidade que o momento reclamava, o Público, embora pouco propenso à ironia, fez uma manchete com agudo e jocoso sentido: "No discurso da rentrée, parte do PSD foi ver aviões." É um comentário demolidor. Não sei se justo.
... Além de nada dizer que sobressaltasse as almas, a senhora é desprovida de convicções, de paixão, de fulgor, de compromisso vital, de empatia, de simpatia e de persuasão.

...Manuela Ferreira Leite é, em todos os aspectos, e com perdão da palavra, um frigorífico. Com outro revés: não possui nenhuma ideia nova, não apresenta nenhum projecto, não expressa nenhuma característica de mudança.

...Devo dizer que me não congratulo. O esvaziamento, cada vez mais acentuado, das variantes clássicas debilita as possibilidades do jogo democrático. E o cenário fixo de um partido sem antagonista, perpetuado no poder por inexistência de repertórios opostos, com encenações negociadas consoante as situações - vai corroendo, letalmente, o regime. E atinge todos os partidos. Todos.

Baptista-Bastos - Escritor e jornalista b.bastos@netcabo.pt

27 agosto 2008

Por este Rio Tua acima...

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A caminho da estação ferroviária do Tua surge-nos esta bonita ponte de construção dos anos quarenta.

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Chegados à estação e após uma merecida pausa, aproxima-se a hora de partida até Mirandela.

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Um belíssimo pormenor da estação do Tua.

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... e assim começamos a viagem por esse Rio acima!

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Por este vale fantástico do Rio Tua, pode-se desfrutar imagens...

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... de uma beleza rara!

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É um percurso único, até no seu mais pequeno pormenor.

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Ponte de estrutura moderna que liga as duas margens do Rio Tua.

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Deixadas as escarpas da serra, entramos numa outra paisagem igualmente muito bonita.

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Em qualquer estação do ano, esta viagem é sempre um irrecusável encontro com a Natureza.

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Uma ligação perfeita entre o Rio e a paisagem adjacente é uma constante neste vale do Tua.

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Já próximo do destino, algumas passagens de nível surgem no percurso.

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Depois de uma viagem de cerca de 2 horas inesquecíveis por este Vale do Tua chega-se finalmente a Mirandela.

22 agosto 2008

O Voo

Paulo Custodio

Goza a euforia do voo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento,
desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o
de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu voo te leva sempre
para mais alto.
No deslumbarmento da ascenção
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota, como passáro, as canções que tens
na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e
de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro
Desde que nasceste não és mais que um voo no tempo.
Rumo do céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas.


Poema de Menotti Del Picchia - Foto de Paulo Custódio

15 julho 2008

Carta de um contratado

Passei pelo Random Precision e não resisti, aqui, à publicação deste maravilhoso vídeo! Do melhor que encontrei no You Tube!!! Excelente leitura poética de José Ramos, sobre um poema lindíssimo de António Jacinto e música muito bonita de Travadinha.

11 julho 2008

Ludíbrio

ceu estre

Há universos de estrelas
No mar largo do meu sonho
E olho só para vê-las ...
... se lanço a mão, vou prendê-las
fica suspenso no ar o gesto de as alcançar ...
As estrelas nunca estão
Onde as quero adivinhar ...

João Leal - Do livro "Poesia em maré viva"

01 julho 2008

Hospitais que matam!!!!!

Ar condicionado

" A taxa de mortalidade nos hospitais sem ar condicionado aumenta 60 por cento, indica um estudo do Instituto Nacional Ricardo Jorge. Segundo este estudo, citado pelo Correio da Manhã, os mais afectados por esta ausência são os utentes com mais de 65 anos.

Desde 2003, que há recomendação para que haja uma climatização dos hospitais, uma competência da responsabilidade das Administrações Regionais de Saúde e dos próprios estabelecimentos hospitalares. "

Pois…, mas não podemos ter dinheiro para tudo, não é?!!! Ainda alguém se lembra dos custos totais que o erário público teve de suportar com a construção dos estádios de futebol para a realização do Euro 2004? Possivelmente o dinheiro gasto com uma qualquer acessibilidade de um dos muitos estádios construídos por pressão dos lobbies do betão e satisfação desmesurada dos respectivos dirigentes desportivos, dava perfeitamente para equipar qualquer hospital distrital com um dos sistemas mais sofisticados de ar condicionado! E depois ainda nos dizem que as nossas limitações se devem aos condicionalismos da economia internacional!!!

Foto www.castelodevide.blogspot.com

20 junho 2008

Adeus ao Euro 2008!!!

ricardo

Se havia alguma dívida de gratidão para com Ricardo pelo facto de este ter contribuído para a presença de Portugal na final do Europeu de 2004 na história dos penaltis, ela agora foi devidamente saldada! Ricardo só foi titular da baliza das quinas durante estes quatro anos por pura teimosia de Scolari e ontem ficou claramente demonstrada a sua insuficiente categoria para ocupar um dos lugares de maior responsabilidade numa equipa de futebol de alto nível! Adeus Scolari, adeus Ricardo!!!

Foto

10 junho 2008

Nevoeiro

crepusculo

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece o que a alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Fernando Pessoa (“Mensagem” - 1934)
Foto - Miguel Pereira http://olhares.aeiou.pt/

22 maio 2008

Os trabalhos da mão!

Mao

Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu. Deixou de amar as areias
das dunas, as tardes de chuva
miúda, o orvalho matinal
dos cardos. Prefere agora as sílabas
da sua aflição.
Sempre trabalhou mais que sua irmã,
um pouco mimada, um pouco
preguiçosa, mais bonita.
A si coube sempre
a tarefa mais dura: semear, colher,
coser, esfregar. Mas também
acariciar, é certo. A exigência,
o rigor, acabaram por fatigá-la.
O fim não pode tardar: oxalá
tenha em conta a sua nobreza.


Eugénio de Andrade "Ofício de Paciência" 1994

09 maio 2008

Humoristas às avessas

...
Em Portugal somos julgados não pelo que dizemos ou escrevemos mas pelo que os outros afirmam que nós dizemos ou escrevemos, alertava, certeiro, Jorge de Sena.
Trata-se de uma variante pós moderna do que ocorria antes do 25 Abril (o labéu de então era ser-se comunista) e depois dele (ser-se facista).
"Os optimistas profissionais não entendem que o mal não é a desconfiança mas o embuste, não é a descrença mas a incompetência", comenta a propósito o economista Medina Carreira, voz de breu no seu sector.
Atrás de semelhantes cenografias, a riqueza vai concentrando-se cada vez mais em núcleos restritos e o poder em tiranias privadas, multinacionalizadas. O País debilita-se, a política tropeça, os esbatimentos direita/esquerda, realidade/utopia, propaganda/informação aceleram-se.
Uma nova Idade Média emerge trazendo consigo uma generalizada Era de Desigualdades que, desapiedadamente, provoca a eliminação dos que não conseguem lugar à sua mesa.
A mentalidade de mendigo faz-se pandemia propagada por subculturas dissolventes, por políticas (sobretudo fiscais) que tiram aos que têm pouco para salvaguardar os que têm muito. Isso apesar da Europa produzir hoje três vezes mais do que há quarenta anos, utilizando menos trinta por cento de mão-de-obra.
Dois séculos atrás, por exemplo, um escravo custava no sul dos Estados Unidos cerca de 30 mil euros; actualmente (e escravo nos dias correntes é o que não possui documentação nem personalidade jurídica) custa 100 euros no mercado internacional.
Só a lucidez, avisam os ditos os ditos pessimistas, nos pode preservar do abuso dos poderes, poderes que não se encontram nas mãos dos que produzem o conhecimento mas nas dos que manipulam os que produzem o conhecimento.
Colunistas de soalheiro e tecnocratas de balcão ajudam, enfáticos, à festa inundando-nos de cenários, de estatísticas, de sondagens a sustentarem medidas revigorantes (arrasantes) para a continuação da nossa débil sobrevivência – que a deles encontra-se (bem) salvaguardada.
Dissipados os fundos da Comunidade Europeia, manchados os executivos, os partidos, os orgãos de comunicação, de justiça, de ensino, de civismo, Portugal imerge, entretanto, sem voz, sem ânimo, sem esperança, sem dignidade, lamurioso ante o concreto e a imprevisibilidade abatidos à volta.
Psiquiatras revelam, por sua vez, que as pessoas parecem mais apavoradas com a sobrevivência do que com a morte.
Fora do tempo e dos interesses estabelecidos, os pessimistas não passam de humoristas às avessas.

“Tempo Livre” Crónica de Fernando Dacosta

25 abril 2008

Liberdade!


Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto - Jacinto Policarpo www.olhares.com

22 abril 2008

Lisboa 1900-1910

Lisboa - 5 de outubro

Preciosidade publicada no Bic Laranja . "Estrada rural e mercado dos gados antes da abertura do último troço da Av 5 de Outubro. Ao longe e por trás da cúpula de vidro, as torres neo-árabes da Praça do Campo Pequeno."

19 abril 2008

A pele da madrugada

Cada dia tenho menos uma letra,
uma boca e a mão para a dizer.
Fui colhendo a noite, palavras surdas,
o silêncio que a morte continua
sob a pele da madrugada.
Cada dia tenho menos um coração,
menos uma noite. Resta-me a memória
de abril dentro um copo de esquecimento,
o fundo da liberdade
que alguém bebeu de nós:
a canção morena da alegria,
o cravo ao rubro de fundir a paz.
Menos uma boca, uma criança
alada. Menos uma cidade onde a esperança
se cola ao rosto. Os meus passos presos
ao chão são menos o olhar que a manhã
oferece. Mas era uma vez e aconteceu
um dia, em todos os outros desse dia,
por muito tempo e ainda agora:
acordar, pôr o café na chávena
e barrar o pão com a liberdade.


Rosa Alice Branco

14 abril 2008

Perdido o pudor fica o poder

"...Numa altura de novas pontes, ferrovias e aeroportos vai ser interessante observar o relacionamento entre a Mota-Engil de Jorge Coelho e a Lusoponte de Ferreira do Amaral...,

... Mas ninguém vai perder! Surpreendente? Não! Afinal foi assim que o Bloco Central se formou e se mantém. À custa dos milagres do método de Hondt, onde a partir de um certo número de votos nunca ninguém perdeu um lugar lá porque perdeu uma eleição. Só que Victor d'Hondt, provavelmente, nunca imaginou ver o seu método aplicado à economia de mercado."

Mário Crespo JN

12 abril 2008

A sombra sou eu!

A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo a luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e não que me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!


Almada Negreiros (1893-1970)

26 março 2008

Valores de importação!

A propósito do incidente ocorrido entre uma aluna e uma professora no Liceu Carolina Michaelis de Vasconcelos do Porto, escreve Baptista Bastos hoje no DN:

“Não há ausência de valores. Há, isso sim, outros valores de rápida importação, sobre os quais nenhuma reflexão tem sido feita. A nova ordem económica mundial modificou, substancialmente, o articulado no qual se estatuiu, durante décadas, a nossa existência comum. Tudo se tornou precário, instável e inquietante. Destruiu-se comportamentos consolidados, disposições familiares de séculos, mecanismos que garantiam equilíbrios sociais. No fundo, a "organização" não passava de uma dissimulada sanção normalizadora ou, se o quiserem, punitiva, por opressora. Acusam-se os pais e os professores de desatenção, negligência, falta de zelo; os alunos, de desobediência, insolência, má educação. E reclama-se a velha "autoridade". As fracções mais ténues de conduta não são analisadas à luz das novas regras - nas quais o "mercado" e a inobservância dos laços solidários desempenham poderosos papéis.

Vivemos num tempo evolutivo. A escola, a Igreja, a justiça, o amor, o conceito de família, a noção de comunidade, tal como no-lo foram inculcados, são sacudidos porque emergiram outras modalidades de poder. O caso do liceu do Porto é um dos sinais do tempo. Nem mais nem menos graves do que outros.”

20 março 2008

Páscoa!

Pascoa - Recados Para Orkut

Uma Páscoa muito Feliz a todos os viajantes que por alguns momentos tivessem passado por este espaço!

11 março 2008

Naide Gomes

Naide

De vez em quando lá acontece sentirmos aquele orgulhosinho..., de sermos portugueses!

Naide Gomes sagrou-se no último domingo em Valência, Campeã do Mundo de Salto em Comprimento em pista coberta.

04 março 2008

Jorge Palma no CCB

JP

Gostei! Confesso que gostei muito desta “Carta Branca a Jorge Palma” que o CCB lhe lançou em forma de desafio! Foi um espectáculo preenchido de grandes momentos em que o autor vestiu de novas roupagens, com a prestação do Quarteto Lacerda e de seu filho Vicente Palma, algumas das criações do seu riquíssimo percurso musical. Mas o ponto alto aconteceu na soberba interpretação/recreação ao piano de “Frágil”, levantando do Grande Auditório completamente cheio, um entusiástico e caloroso aplauso pelo momento único grandiosamente vivido! Assistir a concertos de Jorge Palma é cada vez mais, um verdadeiro estado de alma.

29 fevereiro 2008

Jorge Palma



O músico actua esta sexta-feira, dia 29, no Centro Cultural de Belém, num concerto único intitulado "Carta Branca a Jorge Palma". O SAPO foi a casa do cantor/compositor e tentou saber mais pormenores do espectáculo, já esgotado, que contará com a colaboração de um quarteto de cordas.


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Vou lá estar para vêr!!!

23 fevereiro 2008

Zeca Afonso!

Zeca Afonso

.... Finalmente, em 1981 – e no que diz respeito aos 12 CDs da presente colectânea – José Afonso fecha o ciclo iniciado em 1953 (28 anos antes!) com as gravações dos seus primeiros fados de Coimbra.
Em “Fados de Coimbra e Outras Canções”, José Afonso regressa às origens para cantar, sobretudo, Edmundo Bettencourt, ao qual, aliás, dedica o disco (bem como a seu pai, o juiz José Nepomuceno Afonso, contemporâneo e amigo do grande poeta da “Presença”).
Este foi o último disco que José Afonso gravou para a Orfeu, após uma colaboração de 14 anos. Daí para a frente – mas em trabalhos não incluídos nesta colectânea por pertencerem a outras editoras – José Afonso gravou mais três discos: “Ao Vivo no Coliseu” e “Como Se Fora Seu Filho”, em 1983; e “Galinhas do Mato”, em 1985, o seu último disco.
Entretanto, insidiosamente, começara a roer-lhe o sistema nervoso uma doença terrível – esclerose lateral amiotrófica – que acabara por o vitimar em 1987. Sempre com esperança na cura sonhada, José Afonso começa então – com enorme coragem – a sua luta contra a doença. Corre de um médico para outro, vai ao estrangeiro, gasta o dinheiro que tem e o que lhe falta, recebe amigos, fala com jornalistas, encara e espera a morte com total lucidez e serenidade.
Humilde, não quer ter consciência da grandiosidade da obra poética e musical que deixou e que hoje – sobretudo agora – começa a ter reconhecimento universal.
E que outro cantor poderia anunciar o 25 de Abril, abrir as portas dos quartéis com uma canção, e caminhar, de viola às costas, na Terra da Fraternidade?

José Niza

21 fevereiro 2008

Almada!

Parque Paz

Almada está doente e uma simples deslocação de acesso a esta cidade é um verdadeiro tormento para quem o ouse fazer! As obras do MST em curso afectam imenso a vida das pessoas que lá vivem e a sua principal artéria de comunicação está totalmente virada do avesso, sendo que qualquer tentativa de boa vontade em circular pelo coração desta cidade, transforma-se numa aventura desesperante ! Pouco importa agora saber de quem são as responsabilidades por esta situação, pressente-se é que Almada está a perder!!! Resta-nos olhá-la de fora, como neste exemplo, a partir do Parque..., da Paz!

13 fevereiro 2008

General Sem Medo!

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"A razão que me levou a revoltar-me no 28 de Maio é a mesma por que agora me revolto, através duma candidatura constitucional."

"Não percebo como o Governo, ao fim de trinta anos, tem medo de confiar o poder a uma geração que foi feita com um S no cinto, tal como o gado tem o ferro na anca..."

Humberto Delgado, na conferência de Imprensa no dia 10 de Maio de 1958 no Café Chave d’Ouro. 15 Maio 1906 - 13 Fev 1965.

04 fevereiro 2008

Critério redactorial?!!!

Foi assim que o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto caracterizou a justiça em Portugal, em entrevista dada a Judite Sousa na RTP1

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Foi assim a primeira página do DN, no dia seguinte à entrevista! Pois claro, o Nuno Gomes, os fumadores e as reduções de 30 euros por mês nos créditos à compra de habitação para um empréstimo de 100.000 Euros a um prazo de trinta anos...., tudo muito mais importante que a corajosa entrevista do novo bastonário da Ordem dos Advogados!

23 janeiro 2008

Os Portugueses!!!

Há um egoísmo perfeitamente catastrófico que caracteriza os portugueses. No seu dia-a-dia, desde que tenha resolvido o seu problemazinho e possa comer o seu bifinho com batatas fritas ou o seu bacalhauzinho, já tira dai um prazerzinho que o deixa satisfeito. O Eça usou todos esses diminutivos com razão, porque tudo é pequeno, da dimensão ao espírito. Satisfazem-se com pouco.

Outra característica dos portugueses é ter medo do risco, podem cair no ridículo, que fica muito mal. Ora para fazer grandes coisas, é preciso arriscar cair do trapézio. Mas os portugueses preferem trabalhar com rede ou então a um metro do chão. Os Descobrimentos foram uma necessidade porque essa gente que vinha do Norte do Pais, a cair de fome e a morrer pelo caminho, não tinha outra hipótese. E não esqueçamos os mercenários. Os relatos deixam-nos imaginar o tormento daquelas viagens, com doenças e sem comida, em condições de puro desespero. Depois, lá veio a mistificação histórica. Obviamente haveria alguns, poucos, a começar pelo infante D. Henrique, que teriam o seu projecto de alargar a Terra, de chegar a qualquer lado e de tirar lucro, que é o que faz correr o homem. O Camões diz textualmente, n’Os Lusíadas, que «nunca houve nação, nem bárbara, que prezasse tão pouco as artes como a portuguesa». E o padre António Vieira dizia, naquelas etimologias divertidas, que o mundo é mundo porque, por antífrase, é imundo tal como a Lusitânia se chama assim já que não deixa luzir ninguém por causa da inveja. E podíamos continuar com o Eça, com o António Nobre, com os que reflectiram porque tiveram oportunidade de comparar... (...).

Alberto Pimenta - Diário Notícias 29 Jan-1995

06 janeiro 2008

Professor Chambel


"Eugénio Augusto Fevereiro Chambel , antigo director da Escola Industrial e Comercial de Santarém, actual Escola Dr. Ginestal Machado, faleceu na passada quinta-feira, dia 27 de Dezembro "

Esta notícia apanhou-me de surpresa, quando iniciava uma breve leitura pelo O Ribatejo . O Professor Chambel foi "meu" Director nos anos de 1966 a 1970. Pessoa afável e de um trato de muita respeitabilidade, foi o responsável pela transição da velhinha escola situada junto à igreja da Marvila para as suas actuais instalações. Aqui e hoje a minha homenagem ao nosso Director Chambel!

Foto Daqui