13 junho 2005

ALVARO CUNHAL

Morreu hoje aquele que foi sem dúvida, o grande líder político partidário português, antes e pós o 25 de Abril. Poderia ter tido uma vida cor de rosa, pois a sua ascendência familiar assim o permitia mas preferiu alistar-se numa causa e tornar-se defensor de valores em que sempre acreditou, até ao último dia da sua vida. Independentemente de estarmos de acordo ou não perante esta verdadeira lição de vida, a sua luta sempre foi admirada e respeitada até pelos seus verdadeiros adversários políticos, é pois hora de nos curvarmos perante tão impar personalidade deste último século.

A VALSINHA DAS MEDALHAS

Assisti na televisão ao 10 de Junho .
Neste ano de 2005 a comemoração realizou-se em Guimarães, tendo o Presidente Sampaio mais uma vez aproveitado o acto solene, para apelar ao verdadeiro patriotismo de todos os portugueses, para que nos lembremos que somos um povo e um País com uma já longa história de 8oo anos, que já sofremos muitos revés mas que soubemos ultrapassá-los com toda a coragem e energias e que está na hora de arregaçarmos as mangas e com este gesto colectivo, darmos todos as mãos a fim de ultrapassarmos mais uma vez esta dificuldade de crise “ financeira e económica”. Tudo bem, vamos a ela, disse eu baixinho, pensando cá para comigo, que destes apelos já estou eu farto de ouvir e como calha sempre aos mesmos, nem preciso de estar de acordo, porque “eles” como de costume encarregar-se-ão de tratar das coisas “democraticamente”. Mas voltando á crise financeira e económica tão repetitivamente empolgada e cujos responsáveis todos sabemos quem foram, é imperioso sem dúvida no contexto sócio- político em que nos encontramos, debelá-la do nosso horizonte mais próximo, penso que só o conseguiremos se realmente todos os portugueses, políticos, empresários, sindicalistas, trabalhadores, estudantes, enfim, todos aqueles que no activo exerçam cargos que podem contribuir para o desenvolvimento produtivo, estiverem sensibilizados e ganhos para uma verdadeira vontade colectiva, em favor do País.
Pois,.... se estivermos todos..., mas para isso é preciso que os eternamente sacrificados (os que realmente transformam, produzem riqueza) destas coisas de crises económicas sejam pelo menos lembrados pelo representante supremo do País, já não digo reconhecidos e medalhados como o foram na habitual Valsinha das Medalhas como bem cantou Rui Veloso, antigos ministros, maus negociadores dos interesses de Portugal no âmbito da Comunidade Europeia, doutores disto e daquilo, realizadores de cinema, jornalistas desportivos e até actores. Algumas destas personagens contribuíram um qualquer cêntimo , para Produto Interno Bruto deste País? O Povo precisa de distracção, eu sei, mas em actos solenes?
Senhor Presidente, telenovelas já temos que chegue, e de melhor qualidade.

11 junho 2005

PALHAÇO POBRE, PALHAÇO RICO?!...

Palhaçadas
No mais recente episódio protagonizado pelo palhaço político a claque de apoio não lhe regateou aplausos. Recordemos os factos:
1 - O palhaço voltou a chamar bastardos e filhos da puta a todos os que contestam a sua actuação.
2 - O presidente do sindicato da classe ofendida, por sinal também político em serviço público nas fileiras da ortodoxia comunista, lembrou-se de pedir a intervenção do chefe de todas as corporações.
3 --O chefe fez questão de lembrar que já deu para esse peditório e aconselhou os ofendidos a utilizar o tempo de antena que têm ao seu dispor.
4 - Na casa da democracia regional, os que comem à mesa com o palhaço político aplaudiram de pé os seus dotes oratórios. Os ofendidos voltaram a dar notícia do facto.O chefe mandou responder à letra e a gente obedece. O senhor político é o único palhaço português eleito por sufrágio directo e universal. A comunicação social portuguesa também é culpada porque dá demasiado tempo de antena a palhaços. Livrem-nos deste circo.
P.S. Fica registado o necessário pedido de desculpas a todos os verdadeiros artistas de circo que não têm nada a ver com este filme.
A Semana Política
Paulo Baldaia _DN

04 junho 2005

O CANTADOR

Inevitavelmente, fui assistir ao concerto de Fausto no passado dia 27 de Maio no CCB. Esta foi a minha sexta presença em espectáculos deste Cantor Maldito. Lembro-me de todos eles, espaçados no tempo, desde finais dos anos setenta até hoje, e este foi talvez o de mais difícil “leitura”, e digo assim, porque só o compreendi depois de ter lido a entrevista que o próprio autor/compositor deu ao Jornal “A Capital”, distribuído gratuitamente no hall de entrada do CCB, antes de se dar inicio ao espectáculo. Os textos por serem enormes, com elevado grau de dificuldade ao nível da interpretação, como ele reconheceu, foram dificilmente percebidos pelo público, tal o ritmo necessário do Cantador para que coubessem dentro dos trechos musicais,... e depois a sensação com que fiquei no final do concerto, era de que pela primeira vez tinha sentido uma certa frustração em relação à forma como terminou. Habituados (os indefectíveis seguidores) como estamos, aos, Por este Rio Acima, Para Além das Cordilheiras, Atras dos Tempos vêm Tempos, ficou neste dia 27 de Maio, algo por saborear musicalmente, mas pronto, como o próprio Fausto disse na “A Capital”, na sua trilogia de percurso, há que colocar de parte o que está feito e percorrer outros caminhos, a começar por esta Opera Mágica do Cantor Maldito . Sempre.