''Financial Times' destaca "tempestade
demográfica perfeita" em Portugal.
O
jornal britânico fala na combinação de uma taxa de natalidade em queda, uma
grave recessão e uma onda de emigração que está a tornar o país numa sociedade
de famílias de um só filho.
A notícia escrita pelo correspondente
do Financial Times em Lisboa, Peter Wise, lembra que Portugal tem a
mais baixa taxa de fertilidade da Europa (1,21 em 2013), e que dentro dos 34
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),
apenas a Coreia do Sul tem um valor pior.
O jornal continua a falar das
estatísticas para lembrar que entre 2010 e 2014 o país perdeu 198 mil
habitantes (quase 2% da população) porque o número de mortes excede o dos
nascimentos e a emigração aumentou. "Com um terço dos jovens com menos de
25 anos sem emprego, centenas de milhares de pessoas, na sua maioria jovens,
decidiram emigrar", lê-se no artigo.
Além do mais, "outro mergulho na
fertilidade é óbvio desde o início da crise financeira", indica o Financial Times, citando um relatório da OCDE. O jornal
usa então a expressão "tempestade demográfica perfeita", dizendo
citar o editorial de um jornal português, para definir a situação.
Nos piores cenários do Instituto
Nacional de Estatística, a população portuguesa cairá para os 6,3 milhões em
2060. Mas mesmo nas projeções mais otimistas, Portugal deverá perder dois
milhões de habitantes em 45 anos.
O artigo arranca com o exemplo de um
grupo de vestuário para crianças (Goucam), de Viseu, que oferece um
"incentivo de maternidade" no valor do salário mínimo (505 euros) aos
funcionários que tenham filhos.