Saramago foi acusado de tudo, até de traidor. Porque disse que amanhã vamos ser Espanha. Nem disse que gostava que assim fosse, disse como quem diz o inevitável: "Amanhã a Terra acaba." Vamos insultar os cientistas que garantem isso? Não uivarei com os lobos. Saramago tem mais de 80 anos e continua a trabalhar. Ele paga os impostos em Portugal, podendo não o fazer. Eu, que vivo em Portugal, não cuspo para a sopa. Outra coisa, ele tem uma profissão útil: escreve (não vende, por exemplo, pit bulls). E escreve em português. Num país que diz tanto "a minha pátria é a língua portuguesa", é contraditório com ser traidor. E escreve bem português: não discuto se é ou não grande escritor, digo que não escreve "çamarra". Logo, não lesa a pátria (a língua). Ah!, e ele ganhou o Nobel de Literatura. Ao alcance de qualquer um, eu sei, mas não é o mesmo que ser administrador em fábrica do sogro. Ou é? E ainda: ele tem 80 anos e ama. Gostava de ver o caixote do lixo de quem tanto o despreza.Texto Ferreira Fernandes
Foto_ Revista Caras
5 comentários:
Parabéns amigo, hoje tocou num dos meus pontos fracos! Zé Saramago, meu grande amigo, grande escritor sim !! A dificuldade que esta gente tem de perceber o que não lhes dá geito.. Há mais de trinta anos, quando eu tive o prazer de conhecer o José Saramago, , para mim, ele já era um grande escritor... E sobretudo um grande ser humano... As verdades são incómodas neste e nos outros paises.. É Portugal quem deve render homenagem ao José, não só pelo prémio Nobel mas por toda a sua obra.. E mais: Portugal deve um pedido de desculpas áquele ser humano inigualável.. Sei do que estou a falar, conheço o José e o seu grande coração, conheci a Pilar sua esposa, uma grande senhora.. Um destes dias li com revolta, que Saramago deve o prémio nobel a Pilar, é uma barbaridade, eles são um casal que não se atropela,ele é um grande escritor que não precisa de favor.. ela é uma grande jornalista, uma grande cidadã do pais vizinho( do qual não me fará confusão fazer parte) sobretudo se isso for para bem das pessoas. Aqui não se valoriza ninguém, mal se ganha para comer, só somos iguais aos outros europeus para pagar impostos.. Se alguém me proposer, queres que o pais faça parte de Espanha, tendo os mesmos direitos e deveres dos Espanhois? A resposta é sim!! Eu tenho 54 anos, trabalho há 45, desde os 9.. Sabem o que é ter 9 anos ir trabalhar ainda de sol a sol? mal alimentada, mal vestida e mal calçada? Numa idade em que devia estar a brincar com bonecas... Ser impedida de estudar porque era filha de gente humilde? Eu disse humilde ; Não disse burra!Só mais tarde, talvez tarde demais pude estudar alguma coisa, ainda assim não tanto quato gostaria.. Fui fazendo cursos, na área das decorações, das vendas, da informãtica, e passados estes 45 ANOS o que tenho? desempregada desde outubro do ano passado, e neste momento com um trabalho temporário, tão temporário que a primeira vez que me chamaram foi para fazer tres dias... Agora fui novamente, mas pode ser só até amanhã... Isto de flexisegurança é mais uma treta para nos enganar.. E NÓS VAMOS DEIXANDO, CLARO.. DESCULPE.. UM ABRAÇO, FICA SEMPRE TUDO POR DIZER...eLL
Obrigado Ell pelas suas palavras sobre a minha publicação mas sobretudo no que ela lhe permitiu dizer, e bem, sobre o José Saramago. Na verdade, ele é o nosso prémio Nobel da Literatura, devia merecer talvez por parte de Portugal uma outra relação afectiva, mas possívelmente é assim que ele sentir-se-á bem, avesso às unanimidades e sempre dono da sua reserva moral.
Gosto de Saramago mas dele não li tantos livros quanto desejaria. A vertigem dos dias não deixa muito tempo. Acho piada ao facto de continuar a ser irreverente. A integração ibérica já é uma realidade, mesmo não sendo politica. É este passo que continuo a não apoiar. Ainda sou dos que defende o principio "small is beautuful".
PS. O Ferreira Fernandes não aconselho a ninguém. Mas às vezes acerta, mesmo sendo um deserto de ideias...
O que Saramago disse sobre uma eventual integração ibérica é insulto aos que qerem ser portugueses. Quem não quer portugues que abdique da sua nacionalidade.
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