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Em Portugal somos julgados não pelo que dizemos ou escrevemos mas pelo que os outros afirmam que nós dizemos ou escrevemos, alertava, certeiro, Jorge de Sena.
Em Portugal somos julgados não pelo que dizemos ou escrevemos mas pelo que os outros afirmam que nós dizemos ou escrevemos, alertava, certeiro, Jorge de Sena.
Trata-se de uma variante pós moderna do que ocorria antes do 25 Abril (o labéu de então era ser-se comunista) e depois dele (ser-se facista).
"Os optimistas profissionais não entendem que o mal não é a desconfiança mas o embuste, não é a descrença mas a incompetência", comenta a propósito o economista Medina Carreira, voz de breu no seu sector.
Atrás de semelhantes cenografias, a riqueza vai concentrando-se cada vez mais em núcleos restritos e o poder em tiranias privadas, multinacionalizadas. O País debilita-se, a política tropeça, os esbatimentos direita/esquerda, realidade/utopia, propaganda/informação aceleram-se.
Uma nova Idade Média emerge trazendo consigo uma generalizada Era de Desigualdades que, desapiedadamente, provoca a eliminação dos que não conseguem lugar à sua mesa.
A mentalidade de mendigo faz-se pandemia propagada por subculturas dissolventes, por políticas (sobretudo fiscais) que tiram aos que têm pouco para salvaguardar os que têm muito. Isso apesar da Europa produzir hoje três vezes mais do que há quarenta anos, utilizando menos trinta por cento de mão-de-obra.
Dois séculos atrás, por exemplo, um escravo custava no sul dos Estados Unidos cerca de 30 mil euros; actualmente (e escravo nos dias correntes é o que não possui documentação nem personalidade jurídica) custa 100 euros no mercado internacional.
Só a lucidez, avisam os ditos os ditos pessimistas, nos pode preservar do abuso dos poderes, poderes que não se encontram nas mãos dos que produzem o conhecimento mas nas dos que manipulam os que produzem o conhecimento.
Colunistas de soalheiro e tecnocratas de balcão ajudam, enfáticos, à festa inundando-nos de cenários, de estatísticas, de sondagens a sustentarem medidas revigorantes (arrasantes) para a continuação da nossa débil sobrevivência – que a deles encontra-se (bem) salvaguardada.
Dissipados os fundos da Comunidade Europeia, manchados os executivos, os partidos, os orgãos de comunicação, de justiça, de ensino, de civismo, Portugal imerge, entretanto, sem voz, sem ânimo, sem esperança, sem dignidade, lamurioso ante o concreto e a imprevisibilidade abatidos à volta.
Psiquiatras revelam, por sua vez, que as pessoas parecem mais apavoradas com a sobrevivência do que com a morte.
Fora do tempo e dos interesses estabelecidos, os pessimistas não passam de humoristas às avessas.
“Tempo Livre” Crónica de Fernando Dacosta
Uma nova Idade Média emerge trazendo consigo uma generalizada Era de Desigualdades que, desapiedadamente, provoca a eliminação dos que não conseguem lugar à sua mesa.
A mentalidade de mendigo faz-se pandemia propagada por subculturas dissolventes, por políticas (sobretudo fiscais) que tiram aos que têm pouco para salvaguardar os que têm muito. Isso apesar da Europa produzir hoje três vezes mais do que há quarenta anos, utilizando menos trinta por cento de mão-de-obra.
Dois séculos atrás, por exemplo, um escravo custava no sul dos Estados Unidos cerca de 30 mil euros; actualmente (e escravo nos dias correntes é o que não possui documentação nem personalidade jurídica) custa 100 euros no mercado internacional.
Só a lucidez, avisam os ditos os ditos pessimistas, nos pode preservar do abuso dos poderes, poderes que não se encontram nas mãos dos que produzem o conhecimento mas nas dos que manipulam os que produzem o conhecimento.
Colunistas de soalheiro e tecnocratas de balcão ajudam, enfáticos, à festa inundando-nos de cenários, de estatísticas, de sondagens a sustentarem medidas revigorantes (arrasantes) para a continuação da nossa débil sobrevivência – que a deles encontra-se (bem) salvaguardada.
Dissipados os fundos da Comunidade Europeia, manchados os executivos, os partidos, os orgãos de comunicação, de justiça, de ensino, de civismo, Portugal imerge, entretanto, sem voz, sem ânimo, sem esperança, sem dignidade, lamurioso ante o concreto e a imprevisibilidade abatidos à volta.
Psiquiatras revelam, por sua vez, que as pessoas parecem mais apavoradas com a sobrevivência do que com a morte.
Fora do tempo e dos interesses estabelecidos, os pessimistas não passam de humoristas às avessas.
“Tempo Livre” Crónica de Fernando Dacosta
1 comentário:
Na Idade Média havia emanada do Divino uma ordem e uma justiça formal veiculada pelos Oratores . Hoje há o politicamente correcto. E o os oradores não são servos do Divino mas vassalos de senhores feudais.
Cumpts.
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