22 outubro 2011

"Com Cavaco é mais mina antipessoal"


Os presidentes da República têm um poder, derrubar o Governo, a que os noticiários chamam "bomba atómica". O termo é ridículo e, diga-se logo, o actual primeiro-ministro, Passos Coelho, não vai tornar-se uma Hiroxima. Primeiro, porque é da mesma cor política do actual Presidente e, sobretudo, porque não vai com o carácter de Cavaco usar uma arma tão definitiva. Cavaco Silva, a ser qualquer coisa explosiva, é mais mina antipessoal. Como sabem, o próprio destas armas (nas mais sofisticadas) não é matar. A mina antipessoal tem a dose de explosivo que não faz desaparecer a vítima (que rapidamente seria esquecida) mas que só lhe estilhaça uma perna. Passeando-se, ela e as muletas, a vítima transforma-se em propagandista de quem pôs a mina: "Vejam na minha desdita como ele é forte..." Pois Cavaco é assim, uma mina aqui, um recado ali, com uma perfídia pelo meio. Uma sua vítima não é um morto; é a prova de vida, dele, Cavaco. Esta semana, foi mais uma vez dessa arma que ele fez uso. Minou o Orçamento de Passos Coelho, concluíram alguns. Mas não, minou foi pessoalmente Passos Coelho. Sobre o acontecer, não muda nada: o corte dos dois subsídios vai passar (se fosse para não passar, uma conversa privada em Belém teria resolvido). Sobre o que pode acontecer, mudou tudo: Portugal que precisa de ser governado volta a ter, pairando, a sombra de Cavaco Silva. Acreditem, é pior que a perda de três subsídios.


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