Metade da riqueza mundial nas mãos de 1%
da população
Cerca de metade da riqueza mundial é
actualmente detida por 1% da população, denunciou hoje a ONG Oxfam, adiantando
que as desigualdades económicas aumentaram rapidamente na maioria dos países
desde o início da crise.
No relatório "Governar para as
elites: sequestro democrático e desigualdade económica", a Oxfam conclui
que a concentração de 46% da riqueza em mãos de uma minoria supõe um nível de
desigualdade "sem precedentes" que ameaça "perpetuar as
diferenças entre ricos e pobres até as tornar irreversíveis".
A Oxfam refere ainda que os cerca de 1% dos mais ricos aumentaram os
rendimentos em 24 dos 26 países para os quais os dados estão disponíveis entre
1980 e 2012 e que sete em cada dez pessoas vivem em países onde a desigualdade
económica aumentou nos últimos 30 anos.
Assim, os cerca de 1% dos mais ricos na China, em Portugal e nos Estados Unidos
mais do que duplicaram os rendimentos nacionais desde 1980 e mesmo nos países
com a reputação de serem mais igualitários como a Suécia e a Noruega, a riqueza
dos 1% mais ricos aumentou 50% no período em referência.
O relatório da Oxfam sublinha que a metade mais pobre da população mundial
possui a mesma riqueza que as 85 pessoas mais ricas do mundo.
A ONG calcula ainda que há 18,5 biliões de dólares (13,6 biliões de euros) não
registados e em países terceiros de baixa tributação, pelo que na realidade a
concentração de riqueza é muito maior.
Segundo os dados da Oxfam, 210 pessoas juntaram-se em 2013 ao clube dos
multimilionários cuja fortuna é superior aos mil milhões de dólares, formado
por um conjunto de 1.426 pessoas que concentram uma riqueza 5,4 biliões de
dólares (quase quatro biliões de euros).
Para a Oxfam, este aumento das desigualdades deve-se em grande parte à
desregulamentação financeira, aos sistemas fiscais e às regras que facilitam a
evasão fiscal.
A organização também denuncia as medidas de austeridade, as políticas
desfavoráveis para as mulheres e a confiscação das receitas provenientes do
petróleo e da extração de minérios.
Por outro lado, a ONG associa as desigualdades económicas extremas e a
confiscação do poder político por uma elite rica, que governa para servir os
seus próprios interesses.
"Sem uma verdadeira ação para reduzir estas desigualdades, os privilégios
e as desvantagens vão-se transmitir de geração em geração, como no antigo
Regime. Viveremos então num mundo onde a igualdade de oportunidades será apenas
uma miragem", conclui a Oxfam.
Aos participantes de Davos, a Oxfam apela para um seja acordado um
“compromisso” para não se utilizarem paraísos fiscais, não trocar dinheiro por
favores políticos e exigir aos governos para que garantam a saúde, a educação e
a proteção social dos cidadãos com a arrecadação de receitas fiscais.
O relatório da Oxfam surge na semana em que se realiza o Fórum Económico
Mundial (WEF) de Davos na Suíça, uma reunião durante a qual se analisarão os
problemas emergentes do mundo e onde se tentarão encontrar soluções para as
crescentes situações de desigualdade.
O WEF, que se reúne a partir de quarta-feira em Davos, na Suíça, identificou as
desigualdades económicas como um importante risco para o progresso humano.
Fonte - Sol
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