15 janeiro 2011

Cavaco bipolar

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"Um candidato que num dia diz que só ele fala verdade sobre a situação do País, insinuando que o Executivo mente, para no seguinte aconselhar: "Não devemos atrapalhar o trabalho que o Governo está a fazer." Um presidente que promulga as novas regras de contratualização do Estado com o ensino privado e na campanha acolhe os protestos dos colégios privados contra essas regras; que, para justificar o não veto do casamento das pessoas do mesmo sexo, afirma num fórum radiofónico não poder, de acordo com o seu entendimento da função, exarar vetos ideológicos, quando mais não fez que proclamar, em vetos e notas a promulgações, a sua particular ideologia. Um candidato que se garante "acima dos partidos" e que apadrinhou a mais canalha manobra de derrisão das instituições já vista em democracia, permitindo, sem um ai, que, a um mês das legislativas de 2009, se afirmasse que temia estar a ser vigiado/escutado pelo Governo, tendo de seguida promovido o seu assessor comprovadamente envolvido no caso; um candidato que se arroga "da verdade" mas recusa prestar quaisquer esclarecimentos sobre um negócio chorudo feito com um banqueiro acusado de desviar criminosamente dinheiro alheio para beneficiar "pessoas importantes". Um candidato que diz não responder a perguntas que reputa de insultuosas enquanto chama louco a quem pergunta."

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Fernanda Câncio 


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2 comentários:

maria mar disse...

A Fernanda Câncio é de uma racionalidade incisiva que gosto de ler. Assim como ler Ferreira Fernandes, este com a sua prosa irónica. São crónicas curtas, fáceis de ler e digerir, mas de uma lucidez...
Abraço

Unknown disse...

Cavaco Silva, para muitos portugueses, se for reeleito, será certamente mais um factor de crise, instabilidade e inquietação. Claro que, para outros, nem tanto. Porém, vejamos. No periodo 2005/2011, Cavaco empossado em Março/2006, superintendeu quase toda a governação Sócrates. Que iniciativas tomou para alterar o rumo do país, sobretudo a partir das legislativas de 2009? Nada, apenas "boas intenções", "piedosos propósitos" e "contemporizações". Cavaco Silva mostrou, à saciedade, não ter perfil, competência e capacidade para lidar com situações de alta pressão politica e social, numa altura em que, estando o PS/Sócrates seriamente fragilizados mais se impunha uma intervenção soberana para não deixar "deslizar" o poder politico e a governação para a tomada de medidas drásticas e extremamente penalizadoras das empresas e cidadãos mais carenciados e desprotegidos.
Sabemos agora que, pelo menos, por três razões, Cavaco Silva não se assumiu :

1ª) A inexistência de qualquer alternativa de governação válida.
2ª) O medo da instabilidade social e politica que iria provocar.
3ª) O medo de colocar em risco a sua reeleição.

Haja quem me convença do contrário.