"Pela primeira vez a FIFA escolheu "o melhor treinador do mundo" e quem ganhou foi Mourinho, mas não é essa honraria inédita que vou comentar. Daquela cerimónia em Zurique, fico com o senão que ele emprestou ao dia que o consagrou. Mourinho disse que aquele dia foi perfeito, abraçou de forma emocionada os jogadores que treinou no Inter e no Real Madrid e falou das vitórias que "nunca se conseguem sózinho", enfim, disse e fez o que é da praxe nestas cerimónias. Mais tarde disse, então, aquilo que o faz único. Tendo sido treinador do Inter e do Real Madrid, não gostou - disse para microfones que haveriam de amplificar as palavras (e ele sabia-o) -, não gostou que tivesse sido apresentado só como "treinador do Real Madrid." A apresentação foi erro porque foi no clube italiano que ele ganhou, em 2010, tudo o que havia para ganhar, mas foi erro da FIFA. O premiado podia calar-se, já que o seu actual patrão é o Real Madrid e a opinião pública a que presta contas é a espanhola. Não seria mais fácil não dar pretexto a irritações espanholas (que ontem já se fizeram ouvir)? Sim, esse caminho era o mais fácil, mas ele não foi por aí. Com frontalidade disse o que disse. Ele não mede as palavras? Aí é que está, mede. Tudo o que ele diz é pensado e ensaiado. Ora, ser programado e continuar corajoso é que o faz raro. "
Ferreira Fernandes - Que tipo mais raro (prova nº 87)
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