13 junho 2006

Álvaro Cunhal

Faz hoje um ano que morreu o líder histórico do PCP. A sua vida confundiu-se com a do Partido Comunista Português, para o qual foi sempre uma referência, mesmo depois de ter cedido a sua cadeira de secretário-geral, em Dezembro de 1992. Publicou obras como ideólogo do marxismo-leninismo (entre as quais "Rumo à Vitória" e "Partido com Paredes de Vidro"), só em 1995 reconheceu publicamente ser ele o Manuel Tiago da ficção literária "Até amanhã Camaradas", "Cinco Dias e Cinco Noites", "Estrela de Seis Pontas" e "A Casa de Eulália" e o António Vale que assinava temas plásticos e fazia desenhos como as suas célebres ceifeiras.
Em 1941, trabalhou como regente de estudos no Colégio Moderno, a convite de João Soares e chegou a dar explicações a Mário Soares, mas, no final do ano, passa à clandestinidade. Até 1947 conseguiu pôr de pé o partido, restabelecer as relações com a Internacional Comunista (interrompidas em 1938) e ganhou todos os "desvios internos", sendo mesmo o responsável pelo relatório político apresentado no II e IV Congressos. Preso de novo pela PIDE em 1949, no ano seguinte é levado a julgamento e é condenado a quatro anos de prisão maior celular, seguida de oito anos de degredo.Na prisão escreve e desenha. Esteve mais de oito anos isolado numa cela."Quando se tem um ideal o mundo é grande em qualquer parte", lembraria mais tarde. Nos últimos anos da sua vida esteve sempre afastado da cena política devido à sua avançada idade e ao seu estado de saúde. Álvaro Cunhal teve uma filha única, Ana (a mãe foi a sua companheira de exílio Isaura Dias) embora a mulher dos seus últimos anos fosse Fernanda Barroso.

Foto – Vidas Lusófonas
Texto – Extractos retirados de O Público

Depois de publicar este Post, soube pela comunicação social que Fernanda Barroso, última companheira de Álvaro Cunhal, tinha falecido hoje pela manhã, aos 61 anos. As voltas que a vida dá...!!!

1 comentário:

a.castro disse...

Retribuo o comentário sobre o nosso Álvaro, por cópia, porque até parece que ando "engasgado" com a lembrança do seu desaparecimento físico, já que da cabeça não desaparece!
Álvaro Cunhal já ocupa na História o lugar que merece por direito próprio. Nem os seus inimigos terão capacidade para lhe retirar esse direito, por muita vontade que tenham. Político ímpar, lutador sem igual contra o fascismo e pela liberdade e democracia. Com ele, sentir-nos-íamos mais tranquilos quanto ao futuro porque a luta dele continuaria e impediria a pouca vergonha a que vimos assistindo com o actual Poder, que o deve, afinal e em grande parte, à generosa luta de Álvaro Cunhal.