Clareou.
Vieram pombas e sol,
E de mistura com o sonho
Posou tudo num telhado...
Eu destas grades a ver
Desconfiado
Depois
Uma rapariga loura
(era loura)
num mirante
estendeu roupa num cordel:
roupa branca, remendada
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia...
E não foi preciso mais:
Logo a alma
Clareou por sua vez.
Logo o coração parado
Bateu a grande pancada
Da vida com sol e pombas
E roupa branca, lavada.
Poema Miguel Torga
Foto José Varela
3 comentários:
Boa escolha meu amigo.
Um abraço
Um poema tão bonito (do Torga só podia ser!) como a imagem (que parece ser imagem "de computador").
Bom fim-de-semana, um abraço.
É altura de dizer que já li o poema várias vezes e que quanto à imagem não resisti e roubei-a!!! - pode ser que qualquer dia apareça "noutro lado"...
Desculpa MGomes, abraço
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